O barão do narcotráfico Joaquín Guzmán, mais conhecido como El Chapo, deverá conhecer a sentença do seu julgamento esta semana, no qual está a ser acusado de 17 crimes relacionados com tráfico e distribuição para os EUA de cocaína, heroína ou metanfetaminas, tal como vários homicídios.

E, de acordo com diferentes relatos que têm surgido nos media norte-americanos, a possibilidade de El Chapo vir a ser absolvido é, ainda que remota, cada vez mais real. Essa conclusão resulta de as deliberações para o julgamento de El Chapo, que decorre em Nova Iorque, estarem a demorar mais do que aquilo que era inicialmente esperado. Esta segunda-feira, começa o quarto dia de deliberações.

De acordo com a acusação, existe uma “montanha de provas” contra o ex-líder do cartel de Sinaloa. Nesta fase, explica o The New York Times, os 12 jurados deste caso — dos quais, por razões de segurança, nada se sabe além de serem oito mulheres e quatro homens — estão a percorrer uma lista com 53 linhas onde, a cada um dos casos em questão, deve ser preenchida uma das seguintes opções: “Culpado”, “Inocente”, “Provado”, “Não Provado”, “Sim” ou “Não”.

E, de acordo com aquilo que um dos jurados disse àquele jornal, essa tarefa tem sido tudo menos fácil, referindo que o debate entre aqueles 12 colegas tem sido “exaustivo”. “Alguma vez tentou meter três pessoas de acordo sobre tudo? Agora experimente fazer isso com 12”, disse um dos jurados ao The New York Times.

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Um dos desafios para o júri é o facto de El Chapo só poder ser condenado em casos relacionados com uso de armas ou lavagem de dinheiro se, antes de tudo isso, forem provados os crimes relacionados com tráfico de droga. Outro é ainda a aparente falta de cooperação ou sinais contraditórios de algumas das 56 testemunhas ouvidas ao longo deste julgamento, iniciado em novembro.

A evidente demora do júri em terminar as deliberações deste julgamento — que ainda assim tem sido invulgarmente rápido, em parte porque El Chapo convocou apenas duas testemunhas — tem levado a defesa do barão da droga mexicano a especular sobre uma possível absolvição do seu cliente. “Se o caso fosse tão simples como o governo tem dito que é, o júri já estaria despachado”, disse à CNN o advogado de defesa Michael Lambert.

Mas a razão da demora do júri pode ser, pelo contrário, um último esforço para garantir que a condenação de El Chapo é infalível. Ainda assim, no improvável desfecho de vir a ser absolvido dos crimes em causa no atual julgamento, El Chapo não será colocado em liberdade. Isto porque, além dos crimes de que é acusado em Nova Iorque, o barão do cartel de Sinaloa é também acusado de outras ilegalidades nos estados da Califórnia, Flórida, Illinois e Texas. Por isso, independentemente do desfecho do atual julgamento — seja condenado ou não — é já certo que El Chapo tem pela frente pelo menos mais quatro julgamentos.