O líder do Partido Republicano no Senado, Mitch McConnell, instou Donald Trump a aprovar o acordo para a imigração a que o seu partido chegou juntamente com os democratas para a política de imigração. Apesar de o diploma não incluir os fundos para a construção de um muro na totalidade da fronteira com o México, condição na qual o Presidente dos Estados Unidos insiste, o líder republicano no Senado disse que o acordo é “bastante bom” e recomendou a Donald Trump que o aprovassse.

“Se o acordo vier a ser aquilo que nós pensamos, recomendo que ele o assine”, disse Mitch McConnell à imprensa nesta terça-feira à noite. “Penso que ele tem aqui um acordo bastante bom.”

A aprovação de Donald Trump seria uma maneira de evitar o recomeço do shutdown parcial do governo federal e das suas agências, como aquele que durou 35 dias, entre dezembro de 2018 e janeiro deste ano. Durante esse período, que teve um custo de 11 mil milhões de dólares (9,7 mil milhões de euros) na economia norte-americana, os cerca de 800 mil trabalhadores federais ficaram sem receber e, na maioria dos casos, sem trabalhar. A 25 de janeiro, o Presidente dos EUA decidiu suspender o shutdown para dar nova oportunidade ao Congresso para chegar a um entendimento que lhe concedesse 5,7 mil milhões de dólares (5 mil milhões de euros) para construir um muro com o México.

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O acordo anunciado pelos republicanos e democratas no Senado prevê a alocação de quase 1,4 mil milhões de dólares (cerca de 1,2 mil milhões de euros) para a segurança na fronteira. Parte daquele dinheiro seria destinada à construção de apenas 88,5 quilómetros de muro entre os EUA e o México, a acrescentar aos 930 quilómetros onde já há vedação.

Apesar de esta ser uma cedência dos democratas — que no início do atual impasse se opunham à construção novas barreiras —, ela não vai tão longe quanto Donald Trump desejaria, que insiste num muro praticamente em toda a extensão dos 3145 quilómetros da fronteira com o México.

“É uma tristeza. Não estão a fazer bem nenhum ao país”, disse Donald Trump, numa reunião com o seu executivo, de acordo com o The Hill.

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A pressão de Mitch McConnell não é, porém, à prova de muro — é apenas à prova de shutdown. Isto porque, apesar das suas recomendações para que Donald Trump aprovasse o acordo (evitando assim um novo shutdown), o líder dos republicanos no Senado não se opõe a que o Presidente procure outras formas para levar avante a construção do muro, que foi uma das suas principais promessas eleitorais.

“Acredito que ele deve sentir-se à vontade para usar quaisquer que sejam as ferramentas legais ao seu alcance para reforçar o seu esforço para a segurança na fronteira”, disse Mitch McConnel, acrescentando que não se sentiria “perturbado” se fosse essa a decisão de Donald Trump.

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Ora, perante a recusa do Congresso de dar a Donald Trump os 5,7 mil milhões de dólares por ele exigidos para a construção do muro, há uma hipótese para o Presidente dos EUA conseguir ainda assim avançar com a obra: declarar o Estado de emergência, alegando que a situação na fronteira com o México põe em causa a segurança nacional, e utilizar fundos do Departamento de Defesa para erguer um muro.

Esta é uma hipótese publicamente assumida por Donald Trump, que voltou a ponderá-la esta terça-feira. “Vou acrescentar algumas coisas [ao acordo], e quando acrescentar aquilo que tiver de acrescentar, vai acontecer tudo na mesma e vamos ter um muro lindo, grande e forte”, disse.