O Presidente norte-americano, Donald Trump, disse esta quinta-feira, numa mensagem na rede social Twitter que chegou o momento de reconhecer a soberania de Israel sobre os Montes Golã, um território na fronteira com a Síria.

“Após 52 anos, chegou o momento de os Estados Unidos reconhecerem a soberania de Israel sobre os Montes Golã, que é de crítica importância estratégica e de segurança para o Estado de Israel e de estabilidade regional”, escreveu no Twitter.

Os Montes Golã sírios foram ocupados na sua quase totalidade e anexados por Israel na sequência da guerra dos Seis Dias, em 1967, uma decisão que nunca foi reconhecida pela comunidade internacional.

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Este anúncio surge a quatro dias da visita à casa Branca do primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, em plena campanha para a sua reeleição nas legislativas de 9 de abril. Numa primeira reação em Jerusalém, saudou o desejo de Trump de reconhecer a soberania israelita.

A posição de Trump constitui um enorme alento para Netanyahu, que tem exigido este reconhecimento com insistência e tem-se servido da relação privilegiada com o Presidente norte-americano como argumento na campanha, apresentando os sucessos israelitas como conquistas pessoais que os seus adversários internos nunca conseguiriam concretizar.

“Capacetes azuis” de volta aos montes Golã

Em meados de novembro, os Estados Unidos votaram pela primeira vez contra uma resolução da Organização das Nações Unidas que considerava a anexação israelita dos Montes Golã “nula e sem efeito”. Foi o único país a voltar contra ao lado de Israel.

O ‘tweet’ de Trump coincide com a presença do secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, em Jerusalém, que recusou no imediato comentar a declaração.

O primeiro-ministro israelita tem acusado o Irão de tentar instalar no Montes Golã uma “rede terrorista” para atacar Israel, e tem utilizado este pretexto para exigir o reconhecimento internacional da soberania do Estado judaico sobre esse território.

Governo sírio condena posição de Trump sobre Montes Golã

O Governo sírio condenou, esta sexta-feira, a vontade declarada do Presidente norte-americano, Donald Trump, de reconhecer a soberania de Israel sobre os Montes Golã, e advertiu que a posição não tem qualquer efeito legal.

“A posição dos Estados Unidos (…) reflete o desrespeito do país pelas normas internacionais e uma flagrante violação pelo direito internacional”, reagiu, em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros sírio. As “declarações irresponsáveis” de Donald Trump reafirmam o “apoio ilimitado” de Washington ao “comportamento agressivo” de Israel, frisou.

Na nota agora divulgada, o Governo sírio assinalou as “políticas covardes” dos EUA. “Ficou claro para a comunidade internacional que os Estados Unidos, com as suas políticas covardes, regidas por uma mentalidade de hegemonia e arrogância, converteram-se (…) numa ameaça à paz e estabilidade internacionais”, indicou.

De acordo com o texto, o anúncio de Trump viola a Resolução 497 de 1981 do Conselho de Segurança da ONU, adotada por unanimidade, e que rejeita categoricamente a ocupação israelita.