A aliança de partidos nacionalistas lançada pelo vice-primeiro-ministro italiano Matteo Salvini pode vir a ter 80 eurodeputados e tornar-se a terceira força política no Parlamento Europeu, segundo contas baseadas numa projeção europeia divulgada esta quinta-feira em Bruxelas.
Salvini, líder da Liga, anunciou na semana passada em Milão uma união de esforços de partidos nacionalistas após as eleições europeias de 23 a 26 de maio, com o objetivo de juntar num único grupo político do Parlamento Europeu (PE), a Europa das Nações e das Liberdades (ENF), partidos que atualmente estão noutros grupos ou em grupo nenhum.
Europeias. Nacionalistas propõem em Itália aliança após eleições de maio
Ao lado de Salvini, na conferência em Milão, estavam os líderes da Alternativa para a Alemanha (AfD), que integra atualmente a Europa da Liberdade e da Democracia Direta (EFDD), e do Partido do Povo Dinamarquês, membro da Aliança de Conservadores e Reformistas (ECR).
Partindo da projeção divulgada esta quinta-feira pelo PE, que se baseia em sondagens nacionais, e somando os eurodeputados que os partidos envolvidos podem eleger, a conclusão é que o novo ENF pode chegar aos 80 eurodeputados. Um tal número faria do grupo a terceira maior força política no próximo PE, depois do Partido Popular Europeu (PPE, centro-direita), que deverá integrar 180 eurodeputados, e dos Socialistas & Democratas (S&D), com 149.
No PE em funções, a terceira força política é o grupo dos Conservadores e Reformistas e a quarta a Aliança dos Liberais e Democratas (ALDE), posições que a projeção prevê venham a inverter-se.
O ENF, segundo o estudo europeu, sobe de 21 para 62 eurodeputados, partindo das projeções para cada um dos partidos que o integram atualmente: a italiana Liga, que deve eleger 26 eurodeputados, a francesa União Nacional (ex-Frente Nacional), com 20, o britânico UKIP, nove, Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ), cinco, o belga flamengo Vlaams Belang, um, o holandês Partido da Liberdade (PVV), um ou dois.
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A AfD e o Partido do Povo Dinamarquês, que estiveram com Salvini em Milão, deverão eleger respetivamente 11 e 2 eurodeputados, o que eleva os 62 do ENF para 75. Além destes, juntaram-se a Salvini Os Finlandeses (ex-Verdadeiros Finlandeses), atualmente no grupo dos Conservadores e Reformistas, aos quais as sondagens atribuem a eleição de três eurodeputados, fazendo subir o total para 78. E, esta semana, Salvini anunciou que o Partido Popular Conservador da Estónia (EKRE) e o movimento Sme Rodina (Somos Família), se juntaram ao movimento, cada um deles creditado nas sondagens com a eleição de um eurodeputado, o que faz subir o total da aliança de nacionalistas para 80.
Os vários partidos nacionalistas estão juntos em questões como o euroceticismo, a hostilidade ao Islão político ou o multiculturalismo, mas divergem noutros aspetos, como a economia, em que por exemplo a AfD defende a economia de mercado e a RN o protecionismo, ou a política externa, em que os elogios de Salvini e Le Pen ao presidente russo, Vladimir Putin, desagradam aos nacionalistas polacos e finlandeses.
O peso político de Matteo Salvini no próximo PE pode ainda aumentar se partidos como o Lei e Justiça (PiS) da Polónia ou o Fidesz da Hungria se juntarem à aliança nacionalista.
O dirigente italiano chegou a ir a Varsóvia em janeiro para forjar um compromisso, mas Jaroslaw Kaczynski preferiu, para já, manter-se nos Conservadores e Reformistas (ECR). As sondagens preveem que o PiS eleja nas europeias 23 eurodeputados.
O Fidesz, de Viktor Orbán, mantém-se no PPE, apesar de ter sido suspenso em março, mas o polémico primeiro-ministro húngaro já disse que “decide depois das eleições” se fica naquela que é a maior família política europeia. Nas eleições europeias o Fidesz deve eleger 13 eurodeputados.
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A projeção divulgada esta quinta-feira pelo PE é a última de uma série de quatro. O projeto inicial era de publicar projeções quinzenais até às eleições, mas, no final de março, a Mesa do PE, composta pelo presidente e pelos 14 vice-presidentes, decidiu suspender as projeções previstas para o mês anterior às eleições de maio, passando de um total de nove estudos para apenas quatro.