Donald Trump tornou-se este domingo no primeiro Presidente dos EUA a entrar em território norte-coreano, ao lado de Kim Jong-un. Os dois líderes encontraram-se este domingo na Zona Desmilitarizada da Coreia (ZDC), após desafio do Presidente norte-americano. De passagem por aquela parte do mundo, primeiro pela cimeira do G20 no Japão e depois pela Coreia do Sul para uma reunião com Moon Jae-in, Donald Trump convidou Kim Jong-un dizer um “olá!” na ZDC.

O encontro não só aconteceu como teve um desenvolvimento inesperado: Donald Trump e Kim Jong-un cumprimentaram-se sobre a linha que separa as duas Coreias e, depois de um aperto de mão, entende-se que Kim Jong-un convida a atravessar aquela fronteira. “Será o primeiro Presidente dos EUA a atrevessar a fronteira”, ouve-se o intérprete de Kim Jong-un a dizer. Logo a seguir, Donald Trump entrou em território norte-coreano, lado a lado com Kim Jong-un. Foram 19 passos do líder dos EUA, ao fim dos quais deu um aperto de mão simbólico a Kim Jong-un. O momento foi captado por media ocidentais do lado da Coreia do Sul — do outro lado, estavam apenas fotógrafos norte-coreanos.

Após este momento, os dois líderes voltaram para o lado sul-coreano da fronteira e a partir dali disseram algumas palavras para assinalar o momento.

O primeiro a falar foi o ditador norte-coreano. “O Presidente Trump acabou de ultrapassar a linha de demarcação, o que faz dele o primeiro Presidente norte-americano a visitar o nosso país”, congratulou-se Kim Jong-un. “Olhando para este gesto, pode dizer-se que esta é a expressão da sua vontade de eliminar o passado e abrir um novo futuro.”

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Logo depois, foi a vez de Donald Trump dizer umas palavras. “Não estava nada à espera. Estávamos no Japão para o G20, viemos para cá, e depois disse: ‘Bom, estou por cá, quero ligar ao Presidente Kim'”, disse. “Atravessar aquela linha é uma grande honra. Foram feitos muitos progressos, muitas amizades. E esta amizade entre nós dois é particularmente muito grande. Queria agradecer-lhe, porque avisámos em cima da hora.”

Depois destas palavras, Donald Trump e Kim Jong-un deslocaram-se apenas alguns metros e juntaram-se, lado a lado, com Moon Jae-in, o líder sul-coreano, num momento para algumas declarações para os media e sobretudo fotografias.

Menos de cinco minutos depois, Donald Trump e Kim Jong-un voltaram a sentar-se, desta vez na Casa da Liberdade, edifício no lado sul-coreano da fronteira.

Novamente, o primeiro a falar foi Kim Jong-un. “Há quem diga que esta reunião foi combinada de antemão nas cartas que me tem enviado, mas eu próprio fiquei surpreendido quando expressou vontade de me encontrar aqui hoje de manhã”, disse o líder norte-coreano. “Ao encontrarmo-nos aqui, que é um símbolo de divisão e de um passado hostil, acredito que estamos a mostrar ao mundo que temos um novo prsesente (…) se não houvesse um relação tão boa entre mim e o Presidente Trump não teria havido uma reunião destas com tão pouca antecedência.”

Donald Trump falou a seguir, agradecendo a Kim Jong-un por ter aceitado o seu desafio feito pouco mais de 24 horas antes do encontro destes domingo. “Quero agradecer ao Presidente Kim por outra coisa: quando eu enviei a notificação pelas redes sociais, se ele não aparecesse, os media iam passar uma imagem muito má de mim. Fez-nos aos dois passar uma imagem muito boa”.

A seguir a estas declarações, os media foram obrigados a sair da sala de reuniões. Não é conhecido o conteúdo daquela reunião, mas o certo é que foi breve: menos de 50 minutos depois de os media saírem da sala, Donald Trump já estava lado a lado com o Presidente da Coreia do Sul. Ao lado de Moon  Jae-in, Donald Trump comentou a ausência de um acordo entre os EUA e a Coreia do Norte dizendo: “A velocidade não é o nosso objetivo, queremos fazer um acordo bom e amplo”.

Donald Trump referiu ainda que delegações dos EUA e da Coreia do Norte vão estar reunidas “nas próximas 2 ou 3 semanas para perceber se conseguem fazer alguma coisa”. Porém, sublinhou o líder dos EUA, as sanções norte-americanas à Coreia do Norte vão continuar. “Estou desejoso de retirá-las. Não gosto de que haja sanções neste país. Estou desejoso. Mas vão continuar, sim”, sublinhou.

Um desafio no Twitter

Este foi o terceiro encontro entre os presidentes dos dois países. O primeiro encontro aconteceu em junho de 2018, em Singapura, numa cimeira histórica onde os quatro líderes assinaram um acordo. Esse momento marcou um degelo nas relações entre os dois países, tanto que em fevereiro de 2019 os dois líderes voltaram a encontrar-se, em Hanói. Dessa cimeira não resultou qualquer acordo: depois de horas de reunião, Donald Trump e Kim Jong-un deram por terminada a cimeira antes do previsto.

Este terceiro e breve encontro surgiu depois de Donald Trump escrever no Twitter, na sexta-feira à noite, que estaria disposto a fazer uma alteração na agenda para encontrar-se brevemente com o ditador da Coreia do Norte. “Depois de algumas reuniões muito importantes, incluindo com o Presidente Xi da China, vou do Japão para a Coreia do Sul (com o Presidente Moon). Enquanto lá estiver, se o Presidente Kim da Norte Coreia vir isto, gostaria de me encontrar com ele na fronteira/ZDC só para um aperto de mãos e para dizer olá!”, escreveu Donald Trump no Twitter.

Trump assegurou que o líder norte-coreano o “segue no Twitter” e que o sua equipa reagiu de forma “muito positiva” à sua proposta, mas não garantiu que o encontro se vá concretizar. “Contactaram-nos muito rapidamente e querem saber se podemos fazer alguma coisa, e não estamos a falar de uma reunião longa, apenas um cumprimento rápido”, disse Trump.

“Não lhe chamaremos uma cimeira, chamar-lhe-emos um aperto de mãos, se acontecer. Acredito que ele gostaria e a mim não me custa, porque amanhã [domingo] vou estar na ZDC”, concluiu.