A Procuradoria de Clark County, do Estado norte-americano do Nevada, anunciou esta segunda-feira que não levar Cristiano Ronaldo a julgamento pelo alegado crime de abuso sexual a Kathryn Mayorga. A Procuradoria deixa assim cair as acusações criminais, que remontam a junho de 2009.
Com base na análise da informação atualmente disponível, as acusações a Cristiano Ronaldo não podem ser provadas para além de dúvida razoável. Assim, não serão feitas acusações”, informa o comunicado oficial da Procuradoria de Clark County.
Assim, contra o jogador português prossegue apenas o processo cível, no qual Kathryn Mayorga pede que seja anulado o acordo de confidencialidade que assinou com Cristiano Ronaldo pouco depois da queixa. Nesse processo, que corre no Tribunal Federal, Mayorga pede ainda uma indemnização que pode chegar a valores milionários.
O processo que é arquivado é apenas o que investigava o alegado crime — e que poderia ter consequências judiciais graves para o futebolista, se fosse viesse a ser considerado culpado e condenado a uma pena de prisão. O comunicado da Procuradoria de Clark County explica que as “provas em vídeo que mostravam a interação entre a vítima e o agressor antes e depois do alegado crime se perderam” e acrescenta que “a investigação criminal foi encerrada”. O documento sublinha que, na altura, a modelo americana recusou identificar o suposto agressor ou o local do crime. “Sem saber a identidade do agressor ou o local do crime, os detetives não puderam procurar provas forenses vitais”, explica a Procuradoria.
@LasVegasDA Declines to Prosecute 10-year-old Sexual Assault Allegation Against Cristiano Ronaldo. @ClarkCountyNV pic.twitter.com/XXdc8D9Plk
— Clark County DA (@LasVegasDA) July 22, 2019
Desde 2010, “as autoridades não ouviram nada mais da vítima (Kathryn Mayorga) no âmbito do crime ou do agressor”, conclui o documento oficial.
Caso remontava a 2009, mas só foi tornado público em 2017
A alegada violação foi tornada pública em 2017, através de uma investigação da revista alemã Der Spiegel. Kathryn Mayorga alegou que tinha sido violada por Cristiano Ronaldo no hotel Palms, em Las Vegas, em junho de 2009. Conheceram-se numa discoteca e a modelo disse que Ronaldo a convidou para subir à sua suite.
Para além das acusações de violação que renovou, 12 anos depois do caso, a modelo queixou-se também de difamação, devido às respostas de Ronaldo quando o caso veio a público.
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Na acusação inicial, a mulher de 33 anos admitia que tinha aceitado um acordo para não falar do assunto por motivos de trauma emocional. Segundo Mayorga, o jogador terá pago cerca de 300 mil euros pelo seu silêncio. Em janeiro de 2010, terá ainda sido assinado um documento no qual, segundo Kathryn Mayorga, aceitava nunca dizer que Cristiano Ronaldo era o seu agressor, destruir toda a documentação e não confirmar a história caso esta fosse revelada por outras pessoas.
O caso foi reaberto depois de a mulher ter apresentado novas informações sobre a alegada violação. Em janeiro deste ano, a polícia de Las Vegas pediu amostras de ADN a Ronaldo para continuar as investigações.
Em junho, a agência Bloomberg, chegou a adiantar que a queixa teria sido retirada discretamente. Percebeu-se depois que estava a referir ao processo cível, do pedido de indemnização, mas que esse não tinha, na verdade, sido retirado — tinha apenas sido recolocado no tribunal federal do Nevada, depois de as autoridades terem tido dificuldades em notificar Cristiano Ronaldo.
Na altura em que conheceu Mayorga, o jogador português tinha 24 anos. Estava prestes a mudar-se do Manchester United para o Real Madrid, numa transferência de 94 milhões (valor recorde até então). Estava em Las Vegas a passar férias com o cunhado e um primo, com quem entrou na discoteca onde ambos se conheceram.
A acusação de violação teve impacto direto na imagem do capitão da Seleção Nacional de Portugal, levando mesmo a que marcas como a Nike ou a EA Sports ameaçassem distanciar-se do jogador. Cristiano Ronaldo sempre negou a acusação e disse que “a violação é um crime abominável”.
Artigo atualizado no dia 24 de julho, com a clarificação de que o arquivamento diz respeito apenas à queixa-crime e não ao pedido de indemnização que Kathryn Mayorga apresentou a um Tribunal Federal.