O secretariado da Federação Distrital do Partido Socialista da Guarda demitiu-se esta quarta-feira em bloco por discordar da forma como a direção nacional do partido geriu o processo de escolha dos candidatos às eleições legislativas.

O vice-presidente demissionário da Federação Socialista da Guarda, José Luís Cabral, disse à agência Lusa que a demissão dos 15 elementos do secretariado ocorreu porque aquele órgão “não foi auscultado” para a elaboração da lista de candidatos pelo distrito, que foi aprovada pela direção nacional do partido.

Entendemos que o secretariado [da Federação Distrital] não reúne condições para continuar o seu trabalho de forma profícua e transparente”, disse o responsável.

A demissão dos 15 elementos foi esta quarta-feira comunicada ao secretário-geral do PS, António Costa, e à secretária-geral adjunta, Ana Catarina Mendes.

Segundo José Luís Cabral, os socialistas da Guarda pretendiam ser ouvidos no processo, logo que a primeira proposta de candidatos foi chumbada pela Comissão Política Distrital – o que levou à demissão do então presidente da Federação, Pedro Fonseca, -, e o processo passou para a direção nacional.

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O que estaríamos à espera, depois de Lisboa fazer a lista, era termos sido ouvidos, no sentido de nos pronunciarmos relativamente a uma lista de consenso, coisa que não aconteceu. No fundo, a Guarda acaba por ter um conjunto de nomes numa lista, sem que a Federação e mais concretamente o secretariado, ainda em funções, tenha sido ouvido”, disse à Lusa José Luís Cabral.

O responsável explicou que a direção nacional do PS “impôs seis nomes” para a lista que vai concorrer pelo distrito “sem ouvir o secretariado, o que é intolerável”. “Nós representamos o PS no distrito e, no mínimo, devíamos ser ouvidos”, alega, referindo que o secretariado distrital considera que “houve uma excessiva intervenção da direção do partido na composição da lista de candidatos a deputados pelo círculo eleitoral da Guarda”.

Referiu que os socialistas que fazem parte do secretariado distrital, como não foram “ouvidos nem contactados”, demitiram-se porque entendem “não estarem reunidas as condições” para darem continuidade ao trabalho que pretendiam desenvolver.

José Luís Cabral contou que aquele órgão sempre esteve disponível para o diálogo, tendo enviado, na segunda-feira, mensagens para o secretário-geral e para a secretária-geral adjunta do PS, a alertar para a situação e “apelando ao diálogo”, sem resposta “até ao dia de hoje”.

A lista candidata pela Guarda às eleições legislativas é encabeçada pela secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, seguindo-se o deputado Santinho Pacheco, Cristina Sousa, Fábio Pinto, Marisa Fonseca e Rita Mendes.

“Não temos nada contra as pessoas [que fazem parte da lista socialista]. Temos é contra a maneira como decorreu o processo e como foi tratado, porque não fomos tidos nem achados”, disse o vice-presidente demissionário da Federação Socialista da Guarda.