Aqui fica o resumo deste dia crucial para a política italiana, em que Giuseppe Conte se demitiu e pôs fim ao governo populista da Liga com o Movimento 5 Estrelas:

Crucifixos, evangelhos e Nossa Senhora: a queda violenta do governo italiano

“Eu peço que os italianos me dêem um governo para poder governar por cinco anos”, disse Matteo Salvini, reagindo às acusações que hoje lhe foram endereçadas, por ter pedido, a 8 de agosto, “plenos poderes” aos italianos.

O primeiro-ministro, Giuseppe Conte, já chegou ao Palácio do Quirinale, residência oficial do Presidente, Sergio Mattarella, a quem vai apresentar a demissão nos próximos momentos.

Matteo Salvini diz que não vai demitir-se do cargo de ministro da Administração Interna, referindo que quer “impedir” os desembarques dos barcos com migrantes e requerentes de asilo, como o Open Arms e o Ocean Viking.

“Endereçaram-me um rol de insultos”, queixa-se Matteo Salvini, em conferência de imprensa, fazendo eco de declarações que ele próprio já tinha feito horas atrás. A queixa vai sobretudo para as acusações enderaçadas por Conte e pela bancada do M5E

“Se não suportavam a Liga e preferiam o Partido Democrático, podiam tê-lo dito antes”, disse, também em relação à M5E.

Giuseppe Conte segue agora para o Palácio do Quirinale, a residência oficial do Presidente da República de Itália. É lá que formaliza o pedido de demissão.

Depois de mais de seis horas de debate, o primeiro-ministro voltou a falar no Senado, para reforçar a maior parte das mensagens do discurso que abriu os trabalhos, ao início da tarde. Respondeu, também, a algumas das críticas que lhe foram sendo feitas, mas insistiu sobretudo no apontar de dedo a Matteo Salvini como responsável pela atual crise política.

Tenho a coragem que falta a Salvini”, disse.

No final, confirmou que ia cumprir a decisão anunciada de se demitir: “Obrigada a todos. Agora vou ao Presidente da República”. Seguiu-se um longo aplauso, com a bancada do Movimento 5 Estrelas a gritar “Giuseppe, Giuseppe!”.

Ainda no vídeo em direto no Facebook, Matteo Salvini insiste na ideia de um plano para o afastar do Governo.

A dúvida sobre se estava a ser preparado um plano com Renzi surgiu quando, na Europa, o Partido Democrático e o Movimento 5 Estrelas votaram na mesma presidente [para a Comissão Europeia]. Desmascarámos o grande imbróglio! Por isso, confio em que o Presidente da República, Mattarella, do alto da sua responsabilidade e objetividade, avalie o momento dentro do parlamento e fora do parlamento.”

Salvini diz que as eleições antecipadas são o único caminho: “Itália não precisa de governozinhos para salvar os cargos. São os italianos que devem decidir”.

Entretanto, falou Matteo Renzi, ao microfone da Rai News 24.

“Perante este falhanço [da coligação do Movimento 5 Estrelas e da Liga] quem paga a conta são as famílias”, disse Matteo Renzi, sobre a possibilidade de, caso não haja um orçamento aprovado até ao final do ano, o IVA vir a ser aumentado.

“Peço que prevaleça o bom senso”, pediu.

A questão sempre presente neste tema é que Matteo Renzi quer uma coligação com o M5E, mas o líder do seu partido, Nicola Zingaretti, é contra.

Matteo Salvini fala ora do navio Open Arms, ora da sua defesa de deleições antecipadas, passando ainda pelo debate de hoje.

“Hoje um senador do 5 Estrelas — não me rebaixo ao nível dele, tenho os meus valores — disse que o rosário na Calábria é uma mensagem à N’dranghetta”, queixou-se.

Sobre o Presidente, Sergio Mattarella, disse que “do alto da sua responsabilidade” deve “decidir aquilo de que Itália precisa”. “Itália não precisa de manter as poltronas [assentos parlamentares”, disse. Ou seja, Matteo Salvini insiste em eleições antecipadas e pede a Sergio Mattarella que ative essa opção.

Matteo Salvini está a fazer um direto no Facebook. Aqui fica o vídeo, que vamos seguir em direto:

Matteo Salvini fala de eleições antecipadas, dos barcos das ONG com migrantes, e responde a perguntas.

O debate no Senado continua, com os senadores de vários partidos a falarem. No final, será a vez de Giuseppe Conte, primeiro-ministro demissionário, fazer uma última réplica.

Nicola Morra, deputado do Movimento 5 Estrelas, e que também faz parte da comissão anti-máfia, diz que Salvini enviou mensagens à ‘Ndrangheta, a máfia calabresa, durante a viagem que fez pela Calábria. Segundo o La Repubblica, o senador explicou que o ministro enviou essas mensagens através “da utilização de símbolos religiosos”.

Um dos momentos marcantes do debate no Senado foi registado nesta fotografia. Mostra o final do discurso de Giuseppe Conte, já depois do anúncio da demissão, com membros do Governo a cumprimentarem e a aplaudirem o primeiro-ministro — menos Matteo Salvini, que ouviu todo o discurso ao seu lado.

(ANDREAS SOLARO/AFP/Getty Images)

Logo depois da intervenção de Matteo Renzi, Matteo Salvini saiu da sala para atender uma chamada. Acabou por ser seguido pelos senadores da Liga, que abandonaram o debate.

Ao mesmo tempo que Matteo Renzi falava no Senado, o secretário-geral do PD, Nicola Zingaretti, falava ao La Repubblica. Recorde-se que Renzi (que é do PD) defende uma coligação de ocasião com o M5E, ao passo que Zingaretti está contra.

Ainda assim, saudou o discurso de Conte. “Tudo o que foi dito sobre o ministro Salvini esta tarde pelo primeiro-ministro Conte não pode ser outra coisa que não partilhado”, disse Zingaretti.

Mas depois deu o outro lado: “É preciso ter atenção quanto aos riscos de auto-absolvição. Nestes 15 meses, ele foi presidente do conselho de ministros, inclusive do ministro Salvini, e se o que diz é verdade, então por que razão esperou tanto para denunciá-las?”.

Já terminou o discurso de Matteo Renzi. O debate, porém, prolonga-se até depois das 17h30, com intervenções de senadores de todas as bancadas parlamentares. Nesta altura fala Emma Bonino, antiga ministra dos Negócios Estrangeiros.

Depois de Salvini ter sugerido que Conte procurava uma nova coligação com o Partido Democrático, Matteo Renzi não afasta essa possibilidade de forma clara, mas põe-se pessoalmente fora do novo executivo: “Não farei parte do futuro Governo”, garantiu.