A escritora canadiana Margaret Atwood e o britânico Salman Rushdie, antigos vencedores do Booker Prize, estão entre os finalistas do prémio de ficção em língua inglesa, anunciados esta terça-feira. Os dois escritores são considerados os favoritos na corrida ao galardão, cuja shortlist é composta quase na totalidade por mulheres. Além de Rushdie, há apenas um outro escritor, o nigeriano Chigozie Obioma.

Margaret Atwood, que venceu o Booker Prize com o romance The Blind Assassin (O Assassino Cego na edição portuguesa), em 2000, é finalista com The Testaments, a sequela de The Handmaid’s Tale (História de uma Serva) que se passa 15 anos depois do final da distopia publicada originalmente em 1985 e nomeada no ano seguinte para o Booker. A história, narrada por três personagens femininas, só será publicada a 10 de setembro. Ainda não se sabe se o livro será publicado em Portugal, soube o Observador.

Salman Rushdie é candidato a vencer o Booker de 2019 com Quichotte, que é uma homenagem à obra de Miguel de Cervantes e, ao mesmo tempo, uma história moderna sobre a demanda pelo amor e pela família. Inspirando-se em Dom Quixote, Rushdie satirizou a cultura do seu tempo, mostrando um país à beira do colapso moral e espiritual. O escritor britânico venceu o prémio de ficção, hoje um dos mais importantes de língua inglesa, em 1981 com o seu segundo romance, Midnight’s Children (Os Filhos da Meia Noite), e o Booker of Bookers, atribuído ao melhor romance dos primeiros 25 anos do galardão, em 1993.

Outro dos romances que integram a shortlist do Booker deste ano é Ducks, Newburyport, da anglo-americana Lucy Ellman, que fala sobre uma dona de casa do Ohio preocupada com a descida à barbárie, o ambiente e os tiroteios em escolas. Bernardine Evaristo, que tem lutada por uma maior visibilidade da cultura africana na literatura, é candidata com Girl, Woman, Other, que segue 12 personagens, sobretudo mulheres negras no Reino Unido.

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O nigeriano Chigozie Obioma é finalista pela segunda vez. An Orchestra of Minorities, romance que lhe pode garantir o Booker Prize, conta a história de um jovem agricultor da Nigéria que salva uma mulher do suicídio. Elif Shafak, a escritora mais lida na Turquia, surge na shortlist com 10 Minutes 38 Seconds in This Strange World, que fala sobre violência sexual.

De fora da shortlist deste ano ficaram o irlandês Kevin Barry, a mexicana Valeria Luiselli e os britânicos John Lanchester, Deborah Levy, Max Porter, Oyinkan Briathwaite e Jeanette Winterson, que fizeram parte da longlist anunciada em julho. A lista completa dos seis finalistas ao Booker Prize, escolhida de entre 151 candidatos, é a seguinte:

  1. The Testaments, Margaret Atwood (Canadá). Vintage, Chatto & Windus;
  2. Ducks, Newburyport, Lucy Ellmann (EUA/Reino Unido). Galley Beggar Press;
  3. Girl, Woman, Other, Bernardine Evaristo (Reino Unido). Hamish Hamilton;
  4. An Orchestra of Minorities, Chigozie Obioma (Nigéria). Little Brown;
  5. Quichotte, Salman Rushdie (Reino Unido/Índia). Jonathan Cape;
  6. 10 Minutes 38 Seconds in This Strange World, Elif Shafak (Reino Unido/Turquia). Viking.

O vencedor do galardãoserá anunciado no dia 14 de outubro numa cerimónia que decorrerá como habitualmente no Guildhall, em Londres. Em 2018, o Booker foi atribuído ao romance Milkman, de Anna Burns, a primeira escritor da Irlanda do Norte a vencer o prémio. A obra será editada em Portugal já neste mês de setembro, pela Porto Editora.