Eduardo Cabrita, que volta a ser o ministro da Administração Interna, partilhou na quarta-feira uma publicação no Facebook que critica a substituição de Ana Paula Vitorino no cargo de ministra do Mar. A publicação foi escrita por uma admiradora da mulher do ministro.
Ministra do Mar fora do Governo? Não percebo nada disto! Afinal quem ‘faz acontecer’ e apresenta resultados é retirado do jogo? O mais importante devia ser a competência e o trabalho apresentado e não as relações familiares. Da nossa parte, um agradecimento muito especial à Ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, pelo empenho na defesa da nossa causa e pela responsabilidade a nós atribuída. Vamos fazer tudo para levar o barco a bom porto.”
O texto que critica a decisão de António Costa foi partilhado por Eduardo Cabrita cerca de uma hora depois de ter sido publicado. “Com a partilha daquele protesto, Cabrita terá sinalizado que não gostou da decisão”, escreve o DN. No entanto, segundo este órgão, o ministro da Administração Interna ainda não se pronunciou.
Já Ana Paula Vitorino, em entrevista ao DN, descarta o argumento do familygate. “Não pode ser essa a razão”, diz a ex-ministra, que enfatizou que antes de casar com o atual ministro da administração interna já era “uma referência nas questões dos transportes”, sublinhando a sua “total autonomia profissional e política”.
Quando questionada pelo DN sobre se ficou “desapontada” com a decisão para o novo Executivo, a agora eleita deputada recusou-se a opinar. “Não temos de ter estados de alma quanto aos convites que são feitos”, disse.
Em agosto, Ana Paula Vitorino esteve no “Sob Escuta”, o programa de grande entrevista da Rádio Observador, e deixou um aviso precisamente sobre esta situação. Não daria a outra face se o governo proibisse ministros da mesma família. “Se chegar a esse ponto”, disse Ana Paula Vitorino, “não quererei fazer parte de um governo em que se discrimina as pessoas dessa maneira”.
Ana Paula Vitorino, ministra do Mar e mulher do MAI. “Sou a maior crítica do Eduardo [Cabrita]”