O Presidente do Chile afirmou que o país está “em guerra” contra os “criminosos” responsáveis pelos protestos violentos que causaram vítimas mortais e que levaram o Governo a decretar o estado de emergência para 15 dias na capital, com sete milhões de habitantes.

A região metropolitana de Santiago do Chile decretou o recolher obrigatório entre as 19 horas de domingo e as 6 horas de segunda-feira, devido aos distúrbios violentos, noticiou o jornal chileno La Nación. Pelos mesmos motivos, as províncias de Coquimbo, La Serena, Valparaíso, Rancagua, Concepción e Valdivia também decretaram recolher obrigatório entre as 20 horas e as 6 horas.

Nestas províncias e na maioria dos municípios da região metropolitana de Santiago do Chile, as aulas foram suspensas esta segunda-feira. Da mesma forma, vários bancos não abriram, os supermercados continuaram fechados e as filas continuam nos postos de combustível onde ainda é possível abastecerem, noticiou o jornal chileno La Tercena.

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Novos confrontos no Chile na mais ampla revolta social das últimas décadas

“Estamos em guerra contra um inimigo poderoso e implacável que não respeita nada ou ninguém e que está disposto a usar a violência sem limites, mesmo quando isso significa a perda de vidas humanas, com o único objetivo de causar o máximo de dano possível“, afirmou este domingo Sebastián Piñera. O Presidente disse entender que os cidadãos se manifestem sobre aquilo que os preocupa, mas classificou de “verdadeiros criminosos” os responsáveis pelos incêndios, barricadas e pilhagens.

“Destruíram o metro, que é vital para as pessoas, sem nenhuma consideração, depois concentraram-se em destruir supermercados para privar as pessoas do direito de se poderem abastecer, tentaram queimar hospitais”, disse Piñera, citado pelo jornal chileno La Nación.

Cinco pessoas morreram no domingo no incêndio de uma fábrica de confeção de vestuário alvo de pilhagens no norte de Santiago, elevando para sete o número de mortos desde o início dos violentos protestos no Chile.

O Governo e oposição também não conseguem entender-se em relação à atuação para resolver esta crise, noticiou o jornal La Tercera. Uma das críticas recai sobre a participação de um deputado e o presidente do Município de Recoleta nas manifestações de sábado. No domingo, vários membros dos partidos da oposição criticaram a onda de violência.

As manifestações decorrem desde sexta-feira em protesto contra um aumento de 30 pesos (cerca de 0,04 euros), de 800 e 830 pesos, no preço dos bilhetes de metro em Santiago, que possui a rede mais longa (140 quilómetros) e mais moderna da América do Sul, e que transporta diariamente cerca de três milhões de passageiros.

No dia seguinte, no sábado, o Presidente recuou e suspendeu o aumento. Contudo, as manifestações e os confrontos prosseguiram, também devido à degradação das condições sociais e às desigualdades no país, onde as áreas da saúde e educação estão quase totalmente controladas pelo setor privado.

Segundo um balanço das autoridades, já foram detidas pelo menos 716 pessoas.

Atualizado 10h30