A revista norte-americana Time elegeu a ativista climática sueca Greta Thunberg como personalidade do ano. A capa da edição de 23 de dezembro foi divulgada esta quarta-feira e mostra a jovem sueca de 16 fotografada em Lisboa, durante a sua breve passagem pela capital portuguesa a caminho de Madrid.

No ano passado, a revista tinha escolhido um conjunto de jornalistas — incluindo o saudita Jamal Khashoggi, assassinado na Turquia em outubro de 2018 — como personalidades do ano por serem “os guardiões da verdade”. Em 2017, a Time também escolheu um conjunto de pessoas — as quebradoras do silêncio, mulheres que falaram do assédio sexual que sofreram e que deram origem ao movimento #MeToo —, como personalidades do ano.

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Aos 16 anos, Greta Thunberg torna-se na pessoa mais jovem de sempre a tornar-se “pessoa do ano” para a Time, desde que a revista começou a publicar esta edição anual em 1927.

O anterior recordista era precisamente o primeiro “homem do ano”, Charles Lindbergh, eleito em 1927 após ter completado o primeiro voo entre Nova Iorque e Paris e ter revolucionado a história da aviação — uma viagem que Greta Thunberg dificilmente faria hoje. A ativista completou recentemente uma travessia do Atlântico num veleiro, tendo chegado na semana passada a Lisboa depois de partir, três semanas antes, dos Estados Unidos.

Num texto publicado esta quarta-feira, o diretor da revista, Edward Felsenthal, explica os motivos por trás da escolha da jovem ambientalista. “Por fazer soar o alarme sobre a relação de predador da humanidade com a única casa que temos, por trazer para um mundo fragmentado uma voz que transcende contextos e fronteiras, por nos mostrar a todos o que pode acontecer quando uma nova geração liderar, Greta Thunberg é a pessoa do ano da Time de 2019.”

Greta Thunberg ficou conhecida por ter dado início a um movimento global de combate às alterações climáticas.

Em 2018, a jovem — que tem 16 anos — faltou às aulas para acampar em frente do parlamento sueco, segurando uma placa onde se lia “Skolstrejk för klimatet” (“Greve escolar pelo clima”).

Nos 16 meses seguintes, falou com chefes de Estado na ONU, reuniu-se com o papa, zangou-se com o Presidente dos Estados Unidos e inspirou 4 milhões de pessoas a unirem-se à greve climática global em 20 de setembro de 2019, naquela que se tornou a maior manifestação pelo clima da história.

Para a Time, Greta Thunberg “conseguiu criar uma mudança de atitude global”, organizando um movimento mundial que pede mudanças urgentes.

“Fez um apelo aos que estão dispostos a agir e encheu de vergonha aqueles que não estão”, refere a revista, lembrando que Greta Thunberg conseguiu convencer vários líderes mundiais, desde presidentes de câmara municipal até Presidentes de países, a assumir compromissos concretos.

Na semana passada, a jovem ativista este em Lisboa, após atravessar o Atlântico em catamarã, a caminho de Madrid, onde participou na Marcha pelo Clima de dia 6.

A ambientalista sueca foi favorita para receber o Prémio Nobel deste ano, segundo as casas de apostas ‘online’, num ano em que a lista de potenciais laureados foi a quarta mais extensa de sempre, com 301 candidatos.