A zona euro está confrontada com “algum risco de japonificação“, ou seja, um período prolongado de crescimento medíocre e inflação demasiado baixa. “Mas não é um dado adquirido” que esse cenário pessimista se venha a concretizar, assinala o homem que até há poucos meses era o principal responsável pela política monetária na zona euro, Mario Draghi.

Esta foi a mensagem mais importante transmitida num discurso em vídeo que Draghi fez no encontro anual da American Economic Association, onde teve a “companhia” de Janet Yellen, que foi líder do banco central norte-americano até ser substituída por Jay Powell.

O italiano Mario Draghi fez um mandato de oito anos — 2011-2019 — sem nunca conseguir aumentar as taxas de juro, terminando o exercício a anunciar mais estímulos monetários e a alertar para a necessidade de uma atuação mais audaz por parte dos líderes políticos em países com margem para aumentar os investimentos públicos e promover o crescimento económico.

Para evitar décadas a fio de marasmo económico, como o que existe no Japão, é necessária uma intervenção abrangente e multifacetada, defendeu Mario Draghi. “A zona euro ainda tem espaço para fazer isto, mas o tempo não é infinito“, avisou o italiano, citado pela agência Bloomberg. Em concreto, Draghi pede aos países que “aproveitem” da melhor maneira o ambiente de taxas de juro baixas para fazer investimentos que promovam o crescimento.

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A zona euro não está numa armadilha deflacionista. Não é, certamente, demasiado tarde para a zona euro evitar este cenário“, rematou o ex-presidente do banco central europeu, que foi substituído pela francesa Christine Lagarde, que mesmo antes de assumir o cargo disse que a Alemanha e outros países com excedentes orçamentais, como os Países Baixos, “não fizeram os esforços necessários” para impulsionar os seus fracos crescimentos económicos.

Ainda assim, na primeira conferência de imprensa como líder do BCE, Lagarde garantiu que o risco de “japonificação” na economia da zona não está, de todo, no horizonte.

BCE. “Eu vou ter o meu próprio estilo”, diz Lagarde, recusando ser uma “pomba” ou um “falcão” — mas, sim, uma “coruja”