O fumo provocado pelos incêndios que têm devastado a Austrália já deu a volta ao planeta Terra, tendo regressado ao local de origem, e atingiu 16 quilómetros de altura na estratosfera, o que poderá ter implicações adicionais para as condições climáticas globais.

Segundo a NASA, que conseguiu traçar o percurso através de dados captados pelo satélite NOAA/NASA Suomi NPP, “o fumo foi rastreado desde as suas origens, tendo retornado à região leste da Austrália depois de ter viajado pelo mundo”.

A imagem do satélite Suomi NPP mostra o fumo até ao sul do oeste da Austrália (dados de 13 de janeiro de 2020). Após a linha preta, os dados são de 12 de janeiro de 2020. (NASA/Colin Seftor)

Para além disto, as condições extremas associadas aos devastadores incêndios florestais estão levar à formação de um grande número de eventos de pirocumulonimbus (PyroCb) ou tempestades induzidas pelo fogo.

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Os eventos de PyroCb ocorrem quando aerossóis — como a poluição de fábricas, o fumo de incêndios, cinzas e a poluição vulcânica — chegam à atmosfera. Quando esfriam, as nuvens comportam-se como se houvesse tempestade, mas sem chuva, o que facilita o caminho do fumo até à estratosfera. “Uma vez na estratosfera, o fumo pode viajar milhares de quilómetros a partir da sua fonte, afetando as condições atmosféricas globalmente”, explica a NASA.

“Os aerossóis absorvem e dispersam a luz solar recebida, o que reduz a visibilidade e aumenta a profundidade ótica”, pode ler-se no artigo publicado pela agência espacial, que explica que estes têm consequências para a saúde humana e para o clima.

“Os valores do índice de aerossóis produzidos por alguns dos incêndios australianos rivalizaram com os maiores valores já registados”, escreveu a NASA na semana passada.

Colin Seftor, um dos cientistas, explicou que “o índice de radiação ultravioleta (UV) possui uma característica particularmente adequada para identificar e rastrear o fumo de incêndios: quanto maior for a nuvem, maior será o valor da radiação ultravioleta. Valores acima de 10 são frequentemente associados a estes eventos”.

O satélite utilizado pelos cientistas possui, segundo a NASA, cinco instrumentos científicos e é “a primeira missão de satélite a enfrentar o desafio de adquirir uma ampla variedade de dados terrestres, oceânicos e atmosféricos”, isto “enquanto se prepara simultaneamente para atender aos requisitos operacionais de previsão do tempo”.

Para além disto, o Suomi NPP poderá ser a porta de entrada para a criação de um sistema de monitorização nos EUA.

O Suomi NPP observa a superfície da Terra duas vezes a cada 24 horas, uma vez durante o dia e outra de noite. Na sua órbita, desloca-se até 824 quilómetros acima da superfície do planeta, numa órbita polar, circundando-o cerca de 14 vezes por dia. O satélite envia depois os seus dados para a estação terrestre em Svalbard, na Noruega.