A ministra da Defesa francesa, Florence Parly, anunciou esta terça-feira, em Bamako, capital do Mali, novas operações militares no Mali, Burkina Faso e Níger, onde a França e os aliados pretendem concentrar esforços contra as insurgências jihadistas na região. “Vamos desenvolver novas operações [militares] nas próximas semanas, nesta área muito especial”, afirmou a governante aos jornalistas, citada pela agência France-Presse, depois de uma reunião com o Presidente maliano, Ibrahim Boubacar Keïta, os homólogos de Portugal, João Gomes Cravinho, Suécia e Estónia.

A ministra da Defesa de França não especificou, contudo, detalhes sobre as operações militares que vão ser realizadas.

Florence Parly visitou a região para implementar as conclusões da reunião de Pau, no sudoeste de França, que decorreu uma semana antes entre o Presidente francês, Emmanuel Macron, e membros do G5 Sahel (Mali, Níger, Burkina Faso, Chade e Mauritânia) e que teve como tema a escalada da violência jihadista.

Em Pau, os seis presidentes concordaram em concentrar os esforços militares na região das três fronteiras – Mali, Níger e Burkina Faso – onde se concentraram grande parte dos ataques mortais perpetrados por jihadistas nos últimos meses. Macron e o G5 Sahel também designaram o Estado Islâmico no Grande Saara como inimigo prioritário.

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O contingente português na missão da ONU no Mali vai ser reforçado entre maio e outubro com mais cerca de 70 militares e uma aeronave C-295, da Força Aérea, anunciou na sexta-feira João Gomes Cravinho, admitindo que em 2021 poderá haver novo reforço da presença militar portuguesa no Sahel.

É absolutamente fundamental estarmos presentes no Sahel. Não podemos deixar que a degradação da situação securitária no Sahel continue porque o resultado terá um impacto na Europa. […] Seria uma irresponsabilidade virarmos costas”, sustentou o governante, em declarações à Lusa, na sexta-feira passada, à margem de uma conferência, em Paris, com a homóloga francesa.

Este reforço temporário anunciado pelo ministro português para o Mali poderá traduzir-se em mais efetivos para o ano na região africana do Sahel: “Em 2021 veremos se não faz sentido reforçar a nossa presença no Sahel”, indicou.

Portugal tem atualmente 19 militares no Mali, 17 dos quais na missão de Treino da União Europeia e dois na missão integrada das Nações Unidas de estabilização do país. O Mali e os países vizinhos estão numa situação de deterioração da segurança que assusta a comunidade internacional.

De acordo com a ONU, mais de 4.000 pessoas foram mortas em ataques terroristas em 2019 em Burkina Faso, Mali e Níger. O número de pessoas deslocadas aumentou 10 vezes, aproximando-se de um milhão. Os jihadistas aumentaram os ataques mortais contra as forças armadas nos últimos meses. Esta escalada está associada à violência intercomunitária e criminosa, alimentada pela proliferação do tráfico.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou em 13 de janeiro o envio de mais 220 soldados para o Sahel para fortalecer a força militar francesa Barkhane de combate ao terrorismo jihadista na região.

No mesmo dia, os Estados Unidos da América admitiram reduzir a presença militar em África, decisão que pode colocar em risco os esforços feitos pelos países europeus para ajudar a região na contra os grupos jihadistas.