O fabricante europeu de aeronaves reagiu este sábado à decisão dos Estados Unidos de aumentar em 15% os impostos alfandegários sobre as aeronaves importadas da Europa e “lamenta profundamente” que esta tenha sido a decisão do Governo norte-americano.

Para a Airbus, esta decisão “cria mais instabilidade para as companhias aéreas norte-americanas, que já sofrem com a falta de aeronaves”, nomeadamente após a proibição dos voos com o avião 737 MAX, do seu concorrente Boeing.

“Tomámos nota do anúncio dos Estados Unidos”, disse uma porta-voz do ministério da Economia alemão, contactada pela agência de notícias AFP.

“A nossa posição básica é clara: rejeitamos qualquer aumento unilateral nos impostos alfandegários, que são prejudiciais a todos, inclusive aos Estados Unidos”, declarou a porta-voz.

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Os ministros europeus, que têm várias reuniões agendadas para segunda-feira em Bruxelas, podem aproveitar a oportunidade para expressar uma posição comum sobre o assunto.

Desde outubro, em retaliação aos subsídios fornecidos ao fabricante europeu de aeronaves Airbus, o Governo dos Estados Unidos impôs tarifas punitivas de 7,5 mil milhões de dólares (6,8 mil milhões de euros) por ano a produtos importados da Europa (incluindo vinho, queijo, café e azeitonas) entre 10% (aeronáutica) e 25% (agricultura).

Até agora, os aviões estavam a ser tributados em 10%. A taxas de importação de 15% vão começar a partir do dia 18 de março.

A Organização Mundial do Comércio autorizou os Estados Unidos a aplicar represálias em outubro, mas é esperado que na primavera haja uma decisão semelhante para a União Europeia (UE).

Em causa está a disputa de quase 15 anos entre a UE e os Estados Unidos relativa aos apoios públicos às respetivas fabricantes aeronáuticas, Airbus (francesa) e Boeing (norte-americana), com a OMC a adotar decisões que, umas vezes, são favoráveis à UE, outras à administração norte-americana.

A totalidade dos 28 países da UE será afetada pela medida da administração do Presidente Donald Trump, incluindo, naturalmente, Portugal, que vê a área dos laticínios particularmente visada na lista do Departamento de Comércio norte-americano.

Na lista de países afetados pelas taxas — onde se inclui Portugal— há impostos de 25% sobre produtos como leite, queijos, iogurtes e manteigas (tal como vários derivados e preparados com estes laticínios).

Também a carne de porco (incluindo derivados e produtos preservados, como presunto), ameijoas (em recipientes herméticos e conservadas), berbigões e moluscos vários serão alvo de tarifas adicionais de 25%.

Finalmente, também na área das frutas, Portugal pertence ao grupo de países que verá vários produtos com taxas aumentadas em 25%, como citrinos (laranjas, limões, tangerinas, clementinas, frescas ou desidratadas), cerejas (secas), peras (secas ou desidratadas).