A secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) afirmou esta terça-feira que “as medidas do Governo são meritórias” e que tem havido “um esforço tremendo para responder às necessidades das empresas”, mas garante que não são suficientes “dado a grandiosidade do impacto [da Covid-19] no setor”. Segundo um inquérito realizado pela associação, “80% das empresas prevê que entre abril e maio haja uma faturação de zero” e 60% afirma que “as linhas de financiamento não estão adequadas às suas necessidades e indicam o apoio a fundo perdido como a necessidade urgente”.

Em entrevista à Rádio Observador, Ana Jacinto refere que apenas duas medidas são eficazes, o lay-off e a linha de apoio do Turismo de Portugal, apontando falhas em cada uma. Em relação ao lay-off,mesmo assim, as empresas têm de encontrar maneira de suportar os 30% que lhes compete, o que vai ser dificílimo, uma vez que a maioria das empresas diz que não vai ter uma única receita“, afirma. Já em relação à linha de apoio do Turismo de Portugal, a secretária-geral explica que este apoio direto de 750€ por colaborador num período máximo de três meses sem juros “tem um limite máximo de 60 milhões de euros e só se destina a microempresas“.

O inquérito realizado aos empresários, que teve cerca de duas mil respostas válidas entre o dia 1 e 3 de abril, concluiu ainda que cerca de 75% das empresas estão neste momento encerradas. Já 50% das empresas está a recorrer ao lay-off, sendo que 70% destas admite não ter dinheiro para pagar salários em abril sem o apoio. 30% já não conseguiram pagar os salários de março, um cenário que a AHRESP considera “muito preocupante”.

Apesar da difícil situação, “94% das empresas ainda não tinham efetuado despedimentos em março” e não há conhecimento de despedimentos ilegais no setor, refere Ana Jacinto, explicando: “As empresas estão a fazer um esforço tremendo para manter os seus postos de trabalho. O que queremos é reerguer-nos rapidamente e continuar a trabalhar. Portanto, vamos precisar dos trabalhadores”.

Em relação às rendas, a AHRESP defende ainda que, mais do que descer, deviam ser isentas, “porque o estabelecimento está encerrado”, acrescentando que os senhorios devem ser ajudados “tal como são no arrendamento habitacional”.

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