Treze chefes de delegação, incluindo Paulo Rangel, do grupo do Partido Popular Europeu, família política europeia do PSD e do CDS-PP, assinaram uma carta endereçada ao líder do PPE Manfred Weber, a pedir uma reação ao cenário que se está a verificar na Hungria.

Em causa está uma lei aprovada no Parlamento húngaro no dia 30 de março à boleia do combate do surto de Covid-19 que permite ao governo de Orbán “prolongar indefinidamente o estado de emergência do país” e permite que o “primeiro-ministro Viktor Orbán governe por decreto”. Os signatários desta carta acreditam que pode estar em causa a violação da democracia e das liberdades individuais. “Continuamos profundamente preocupados com os desenvolvimentos na Hungria, em particular com a lei aprovada no passado dia 30 de março que, de facto, permite que o executivo húngaro governe por decreto, por tempo indeterminado”, lê-se no documento a que o Observador teve acesso.

Utilizar a pandemia para restringir liberdades individuais e fomentar uma agenda política não libera,  enquanto se usa a União Europeia como bode escapatório por motivos políticos, é cínico. O Partido Popular Europeu tem a obrigação moral de defender a democracia liberal e o primado da lei, especialmente em tempos de crise como aquele que enfrentamos.

Tendo como moticação a defesa do estado de direito, este grupo de responsáveis do centro-direita pede a Weber uma tomada de posição mais dura em relação ao Fidesz, o partido de Órban que esta inserido no PPE. Esta carta vem na sequência de uma outra, assinada por 13 líderes políticos (de partidos da Finlândia, Bélgica, Dinamarca, Grécia e Luxemburgo) e remetida a Donald Tusk, o presidente do PPE, que pedia a expulsão do Fidesz. Até agora, a única consequência que se viu até agora foi a suspensão, “por tempo indeterminado“, do dito partido político.

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Esta carta não estava assinada nem por Rui Rio nem por Francisco Rodrigues dos Santos (nem por Angela Merkel, já agora). Há cerca de um ano (a 9 de março 2019) o presidente do PSD, Rui Rio, já tinha enviado uma carta ao então presidente, Joseph Daul, a defender que devia ser ativado o artigo 9 para a sanções do Fidezs do Partido Popular Europeu, na defesa do Estado de Direito. Embora não defendesse diretamente a expulsão, Rui Rio pedia uma posição que “reforçasse o Estado de Direito na Europa“.

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A posição de Rui Rio parece continuar inalterada neste assunto. Ao Expresso, o líder político recordou que tinha recebido uma carta de Donald Tusk e que este se mostrava preocupado com a situação na Hungria. Mesmo assim, dizia, “‘temos coisas bem mais importantes em mente para resolver do que estar a decidir se o Fidesz deve ser ou não expulso’”, referindo-se, obviamente, à pandemia do novo coronavírus. Tusk garantia também que o PPE comprometia-se a reavaliar a situação assim que fosse possível.