Em mais uma das suas conferências de imprensa diárias, esta segunda-feira o presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, reagiu ao valor negativo recorde do preço do barril de petróleo em Nova Iorque, que, devido à quebra abrupta da procura, levou a que os produtores estejam a agora pagar a compradores para se livrarem de petróleo. Este valor foi também influenciado pela perceção de que os EUA estariam a esgotar a capacidade de armazenamento deste bem, mas Trump anunciou uma reação em sentido contrário:

Tendo em conta o preço baixo recorde de petróleo, que viram — está a um nível… muito interessante para muitas pessoas — vamos encher as nossas reservas nacionais de petróleo, as nossas reservas estratégicas. Estamos a planear colocar tanto quanto 75 milhões de barris nessas reservas. (…) Nunca ninguém tinha ouvido falar em preço negativo de petróleo, mas será assim por um período curto”, referiu Trump.

Questionado por um jornalista por já ter tentado sem sucesso obter um acordo entre democratas e republicanos para incluir a compra de petróleo no pacote governamental de estímulos estatais, Trump respondeu: “Ao preço a que está, não é preciso financiamento [sorriu]. Eles [produtores] pagam [para se verem livres do petróleo]. (…) Se o pudermos comprar por valor nenhum, vamos tentar comprar tanto quanto possível. A única hipótese de que gosto mais é quando te pagam para ficares com o petróleo, mas isso só acontecerá a curto prazo”.

O presidente dos Estados Unidos da América assumiu, assim, que sendo esta “uma excelente altura para comprar petróleo”, gostaria “que o Congresso aprovasse [o investimento]”, mas de qualquer forma “será feito”. Neste momento, os EUA terão um stock de aproximadamente 75 milhões de barris de petróleo, apontou ainda Donald Trump.

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Crash no petróleo. Barril em Nova Iorque atinge valores negativos

Reabertura com “higiene”, “distanciamento social” e “vigilância apertada”

O presidente dos EUA referiu-se ainda ao plano de “reabertura” do país. Disse que os Governadores de vários estados estão “estão a pensar na fase um e a anunciar planos para o ressurgimento económico — porque vamos tê-lo” mas lembrou que os norte-americanos terão de “manter vigilância apertada e continuar a praticar medidas de higiene cautelosas, distanciamento social e outras medidas de prevenção que já destacámos e que conhecem bem”.

Esta segunda-feira, o governador da Geórgia, Brian Kemp, anunciou que no seu estado, espaços como ginásios, cabeleireiros, salões de manicura e salões de bowling vão reabrir já esta sexta-feira. Segue-se, já na próxima segunda-feira, a reabertura de restaurantes, teatros e cinemas — só mesmo bares e discotecas continuarão encerrados.

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Donald Trump na conferência de imprensa de esta segunda-feira (@ MANDEL NGAN/AFP via Getty Images)

No entanto, tal será feito com escalas e turnos para trabalhadores e com recomendações para a aplicação de distância social nos espaços. A reabertura da economia, prometeu também Trump esta segunda-feira, vai ser feita “de uma forma segura e responsável”.

“Agora, somos os reis dos ventiladores no mundo”

Donald Trump referiu ainda que espera que o Senado vote amanhã um plano para reforçar e acelerar o processo de apoio estatal à economia, manifestando o desejando de que o acordo “inclua 75 mil milhões para hospitais e outros prestadores de saúde, cujos trabalhadores tiveram grandes rombos financeiros nas semanas recentes”.

O presidente norte-americano defendeu ainda que a sua administração conseguiu grandes resultados na produção e distribuição de ventiladores, depois de críticas iniciais de que o stock deste equipamento médico poderia ser curto para fazer face à crise.

Ventiladores, ventiladores… as pessoas só conseguiam falar de ventiladores. Fizemos um grande trabalho aí, construímos muitos ventiladores. Temos tantos que a dado momento, em breve, começaremos a ajudar o México, a Itália e outros países que precisam desesperadamente de ventiladores”, apontou ainda Donald Trump.

Na conferência de imprensa de esta segunda-feira, o líder republicano que é presidente dos EUA desde 2016 garantiu que “ninguém neste país que precisava de um ventilador não o teve” e apontou: “Agora, somos os reis dos ventiladores em todo o mundo, temos milhares a serem feitos todas as semanas e de grande qualidade”.

Donald Trump notou ainda o grande crescimento do número de testes de diagnóstico ao novo coronavírus feitos nos Estados Unidos da América nas últimas semanas, que tornam já os EUA um dos países que mais cidadãos testam — por milhão de habitante — no mundo.

Para o presidente norte-americano, “testar é uma grande palavra, mas é muito mais fácil do que [arranjar] ventiladores, porque os ventiladores são máquinas grandes, muito complexas, muito caras e é preciso um grupo de pessoas que saiba realmente o que estão a fazer”. Os EUA, referiu ainda Trump, tiveram-na.