Mesa para um. Literalmente. É isto que o casal sueco Rasmus Persson e Linda Karlsson, ambos com experiência no setor da restauração, decidiram propor através do seu restaurante pop-up (de duração temporária), o Bord For En, que literalmente significa algo como “Mesa para Um”, que estreia no próximo dia 10 de maio na localidade de Värmland, a cerca de 350 quilómetros de Estocolmo.
Situado num extenso prado, totalmente ao ar livre, este restaurante consiste apenas numa mesa, uma cadeira e um sistema de roldanas que faz a vez de empregado de mesa. O custo por uma refeição completa de três pratos fica totalmente ao critério do cliente e o grande objetivo é partir da ideia de distanciamento social que a pandemia impôs para propor uma nova formar de encarar o “ir a um restaurante”, especialmente numa altura em que muita gente começa a sentir graves problemas económicos. “Todos estamos a enfrentar tempos difíceis. Há pessoas que perderam o emprego, um ente querido ou até mesmo a sua saúde mental”, conta o casal à CNN.
“Há utilização de máscara da parte dos colaboradores e dos clientes, que só a tiram para comer”
A premissa base é a não interação com outras pessoas, é suposto ser uma experiência individual a desfrutar sem companhia. Não há empregados de mesa, outros clientes ou nada que não seja a natureza. Persson e Karlsson vão dedicar toda a sua atenção a uma pessoa de cada vez (pelo menos até dia um de agosto, data em que termina este restaurante temporário) e o objetivo, dizem , é não ter necessidade de “virar mesas”, ou seja, servir muitas pessoas no mesmo dia — mesmo que apenas uma de cada vez.
O casal conta que a ideia surgiu quase como um capricho, há umas semanas, quando os pais de Karlsson apareceram na casa do casal, para almoçarem todos juntos, num momento em que a Covid-19 já percorria o mundo. A Suécia nunca chegou a definir restrições rígidas sobre o distanciamento social, preferindo manter-se pelas recomendações, mas mesmo assim Karlsson decidiu que era melhor comerem todos no jardim da sua casa, cada um numa mesa montada no jardim a manter uma certa distância de segurança. Foi assim que nasceu a ideia por trás deste projeto.
A vontade de ambos é que qualquer pessoa, independentemente da sua saúde financeira, se sente nessa mesa — o cliente é que define o preço do repasto e ninguém o julgará por isso, garantem. Não sabem ainda se manterão o projeto, mesmo quando a “nova normalidade” se instalar totalmente, já que outra eventual mais valia a retirar deste Bord For En é o facto de também ajudar a quebrar o estigma de se comer sozinho num restaurante, algo ainda visto como socialmente estranho e pouco confortável. “Eu tenho o sonho de que jantar sozinho poderá tornar-se em algo socialmente aceitável. Talvez agora estejamos mais próximo disso…”, diz.
Na ementa encontra sugestões como uma espécie de pasteis de batata-frita (os norte-americanos “hash browns”) com smetana (um tipo de creme azedo), caviar de algas marinhas ou uma salada de azedas, isto na capitulo das entradas. Como primeiro prato há sugestões como puré de cenoura e gengibre amarelo, manteiga de avelã dourada, ou croquetes de milho doce. Para sobremesa, mirtilos enlatados com leitelho gelado e açúcar de beterraba. Há bebidas, claro, mas nenhuma com álcool. Em vez disso há refrescos de flor de sabugueiro, por exemplo, ou até de morango. Tudo será o mais local possível: da quinta onde fica o prado/sala de refeições, entenda-se.
“Podemos estar isolados, mas passamos algum tempo connosco? Esta é uma oportunidade para fazer isso. Vale a pena gastar esse tempo”, remata.