Desde dezembro que o presidente Emmanuel Macron e o Ministério dos Negócios Estrangeiros estavam na posse de informação “alarmante” sobre a evolução da pandemia de Covid-19, mas “não prestaram atenção”. A informação é avançada pelo jornal francês Le Canard Enchaîné, que apesar de ser um semanário satírico também faz investigação jornalística séria. No entanto, o gabinete do ministro Jean-Yves Le Drian apressou-se a desmentir a notícia garantindo que tanto o Quai d’Orsay como o Eliseu só foram informados da existência do vírus a 31 de dezembro de 2019.
O Le Canard Enchaîné, na edição publicada esta quarta-feira, escreve que “o embaixador de França em Pequim, Laurent Bili, alertou Jean-Yves Le Drian e Emmanuel Macron sobre um perigoso vírus assinalado em Wuhan” e que terá pessoalmente avisado o presidente francês do que se passava. O diplomata já foi o representante diplomático de Paris na Tailândia, Turquia e Brasil
A versão de Quai d’Orsay é outra. Desmente as declarações do embaixador francês em Pequim ao semanário quando Bili diz que falou diretamente com Macron, e garante que a informação que chegou aos Negócios Estrangeiros coincidiu com a data em que a China comunicou à Organização Mundial de Saúde a descoberta do novo vírus.
“A partir do momento em que as autoridades de Wuhan anunciaram uma nova pneumonia, a 31 de dezembro, o cônsul geral em Wuhan alertou, nesse mesmo dia, o centro de crise do ministério e a embaixada”, refere o comunicado do MNE, divulgado pela imprensa francesa. A partir de janeiro, e sempre com base nos relatos que chegavam do epicentro da epidemia na China, foram feitas “diversas atualizações das recomendações aos viajantes” e embaixada, consulado e ministério mantiveram trocas regulares de informação sobre a situação sanitária em Wuhan.
Em França já morreram mais de 25 mil pessoas, vítimas de Covid-19, desde o início da pandemia, sendo o quinto país mais atingido no mundo (total acumulado de 174.191 infetados, 94.410 infeções ainda ativas).