Março, abril e maio costumam ser meses “generosos a nível financeiro” para a Igreja Católica. Mas não este ano. Segundo diz o Jornal de Notícias esta sexta-feira, os efeitos da pandemia do novo coronavírus estão a atingir a igreja, que terá deixado de receber 50 milhões de euros, depois de várias semanas de culto encerrado ou reduzido. O valor é, como refere o mesmo jornal, uma “estimativa feita por fontes ligadas à gestão financeira de dioceses do Norte”.

Em causa está um dos períodos do ano financeiramente mais abundantes, que garante o sustento das igrejas durante o resto do ano. Mesmo com as missas a recomeçar já neste sábado, o cenário poderá não ser facilmente ultrapassável.

Na origem do rombo está o impacto direto da Covid-19 e do estado de emergência naquelas que são algumas das festividades mais importantes do calendário cristão, a começar pela Páscoa, este ano celebrada sob confinamento. O JN faz ainda referência as celebrações marianas do mês de maio, onde se inclui a do 13 de maio, em Fátima, que acabou por realizar-se à porta fechada, logo, sem a presença de fiéis.

Além dos “direitos paroquiais”, “folares” e “ofertas à Virgem” que ficaram por dar e pagar, “também as esmolas e ofertas não foram entregues porque as caixas estão no interior dos templos e as igrejas estavam fechadas”, lê-se na manchete do JN. A diminuição drástica do número de casamentos acentuou as perdas — sendo que “por cada cerimónia, a Confraria deveria receber 200 euros”, no caso específico da Basílica do Bom Jesus, em Braga, referido pelo JN.

“A igreja vive dos ofertórios e coletas”, referiu um porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, citado pela mesma publicação. Um dos cónegos ouvidos pelo JN indicou que as quebras chegam aos 90% na maioria dos casos, mas em alguns são de 100%. Com a crise de liquidez nas dioceses a realização de peditórios para fora começa a ficar comprometida. Até ao momento, três recorreram ao layoff — Porto, Algarve e Angra do Heroísmo, segundo o Jornal de Notícias.

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