Pelo menos 47 líderes sociais ou defensores dos direitos humanos foram assassinados na Colômbia no primeiro trimestre deste ano, de acordo com um relatório do programa Somos Defensores, hoje divulgado.

Segundo o documento, os crimes aumentaram durante a pandemia de Covid-19.

Os assassinatos documentados pela organização não-governamental entre janeiro e março deste ano representam um aumento de 22 casos em comparação com o mesmo período do ano passado, quando se registaram 25 homicídios.

“Os primeiros meses de 2020 têm sido muito complexos para os líderes sociais na Colômbia. Além dos elevados níveis de violência nos territórios e das constantes agressões contra eles pelo seu trabalho em defesa dos direitos humanos, enfrentam uma crise provocada pela pandemia de Covid-19”, refere o relatório.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Segundo a Somos Defensores, esta situação “pôs em evidência as lacunas na capacidade do Estado nas regiões e as vulnerabilidades a que a população está exposta, especialmente nas zonas rurais”.

Os assassinatos foram perpetrados nos departamentos de Cauca (nove), Antioquia (oito), Putumayo (seis), Norte de Santander (cinco), Huila, Valle del Cauca e Córdoba (três em cada), Caquetá, Nariño e Chocó (dois em cada), e Bolívar, Santander, Boyacá e Cundinamarca (um homicídio em cada um destes estados).

A ONG documentou de janeiro a março um total de 197 agressões, incluindo assassinatos, contra 187 líderes sociais, entre os quais líderes indígenas, afrodescendentes, camponeses e defensores dos direitos humanos.

Embora o primeiro trimestre de 2020 tenha registado menos 58 agressões do que no mesmo período do ano anterior, quando foram registadas 245, a Somos Defensores alertou que este número não representa uma redução dos atos violentos.

De acordo com a organização, este declínio deve-se à impossibilidade de a sua equipa viajar para os territórios onde as violações são denunciadas, dada a quarentena obrigatória que restringe a mobilidade no país desde 25 de março.

O documento adianta que as condições de isolamento preventivo facilitam a identificação dos locais onde os líderes sociais permanecem, enquanto os agentes violentos continuam a exercer controlo nos territórios.

A organização teve conhecimento de que 84 dos atos violentos foram cometidos por grupos paramilitares, enquanto em 70 casos o autor é desconhecido.

Outros 15 ataques foram atribuídos a dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, 13 às forças de segurança e quatro à guerrilha do Exército de Libertação Nacional.