Rui Rio garante que o “mais provável” é o PSD declarar o apoio a Marcelo Rebelo de Sousa nas presidenciais e diz que assim que o atual Presidente da República anunciar a recandidatura no “dia seguinte” o partido toma uma posição. Em entrevista à TSF, o presidente do PSD disse não estar incomodado com a aproximação do PS ao chefe de Estado e disse considera “até honroso para o PSD” que o seu “maior adversário” apoie em “tão altas funções” um “militante” do partido. Mesmo alertando que a decisão tem de passar pelos órgãos do PSD, Rio deixa pré-anunciado um apoio a Marcelo e defende que o partido não pode abdicar de apoiar um candidato “numas eleições tão importantes”, como sugeriu Miguel Albuquerque.
Na mesma entrevista, Rui Rio reconhece que discordou algumas vezes de Marcelo Rebelo de Sousa e que “há muitos militantes do PSD que gostariam que houvesse uma maior demarcação do governo do que a que ele faz de quando em vez”, mas diz que não se pode exigir ao Presidente da República uma simpatia partidária, mesmo que seja militante do PSD e “quase militante fundador”.
Relativamente ao que correu mal ao governo na gestão da pandemia, Rui Rio diz que numa situação “complexa” como esta “não é fácil dizer o que correu melhor e pior”. Isto embora pudesse facilmente apontar ao governo a falta de “capacidade de resposta para testes” ou, por exemplo, o “facto de o SNS ter deixado para o lado doentes não Covid”. Para o presidente do PSD “houve muitas coisas que não correram bem”, mas diz que tem de ser “honesto” e por isso não pode dizer que teria feito melhor. “Só um fanfarrão é que pode dizer uma coisa destas“, acrescentou o líder social-democrata. Rio acredita que não consegue “a confiança dos portugueses com fanfarronices” e atira uma farpa a Donald Trump: “Na América usa-se um bocado essas coisas, aqui não tanto. Eu não uso“.
Relativamente ao orçamento suplementar, Rio diz que continua com “muita vontade de deixar passar” e a olhar “com muita elasticidade” para esta situação, mas não garante um cheque em branco: “Não sei se vou votar a favor. Depende. Até posso votar contra.” Para o presidente do PSD, não há margem para aumentar impostos, mas admite dar o apoio ao governo — nessa medida ou noutra qualquer — sempre que estiver em causa o interesse do país.
O presidente do PSD admite que, com a pandemia, entrou um “parâmetro gigantesco na equação” que define se o governo de António Costa iria chegar ao fim. E que não consegue prever se a pandemia irá favorecer ou prejudicar a longevidade do executivo. Rui Rio admite que “pode acontecer” uma crise política, mas só será o PSD a provocá-la se for esse o interesse nacional.
Ainda sobre o “paraministro” António Costa Silva — o escolhido de António Costa para gerir o plano de retoma do país — Rui Rio disse não ter nada contra e diz que não tem nada contra que o consultor do governo participe nas reuniões do PSD sobre o plano, desde que estejam lá “também” (e reforçou “também“) os ministros que tutelam as áreas.
Já sobre o ministro das Finanças, a “intuição” de Rio é que Mário Centeno vai sair em breve e que as pazes entre Costa e Centeno não passaram de uma “encenação” e que a relação entre ambos “não está estruturalmente bem”, simplesmente “acertaram a que fique conjunturalmente aceitável durante mais umas semanas”. Reiterou também, que dará um parecer negativo à ida de Centeno para governador do Banco de Portugal se for questionado pelo primeiro-ministro sobre o assunto.
Rio descarta coligações com Chega e aceita arguidos nas autárquicas
Relativamente às autárquicas, Rui Rio confirmou o que tinha sido noticiado pelo Observador, que a escolha dos candidatos de Lisboa e Porto era dele. Disse que já lhe “passaram vários nomes pela cabeça”, mas não os revelou. O Observador tinha também noticiado que, numa reunião com as distritais, Rio tinha admitido coligações com o PAN, mas o assunto Chega não tinha sido colocado. Na entrevista à TSF, o presidente do PSD esclarece que a existir uma “orientação nacional” é que “à partida não há” coligações com o Chega, também devido às posições nacionais do partido de André Ventura.
Rui Rio diz ainda que o presidente do Chega não acredita em muitas das coisas que diz: “André Ventura, muito do que ele diz é por tática política não por estar convencido do que está a dizer (…) é marketing político para conquistar um nicho de mercado eleitoral.” O líder social-democrata não acredita na sondagem que colocou o Chega em 3º lugar das intenções de voto.
O presidente do PSD recusa ainda excluir candidatos nas autárquicas por serem arguidos. Para Rui Rio há arguidos e arguidos. Diz que não é juiz, mas admite ser uma espécie de juiz político e aceitar um arguido “por uma coisa pequena” e rejeitar um caso em que está claro que “onde há fumo há fogo”.