Norte-americanos, russos, e brasileiros não poderão entrar na União Europeia quando as fronteiras externas do “Velho Continente” reabrirem gradualmente a partir da próxima semana — estiveram fechadas desde o passado dia 16 de março por culpa da pandemia do novo coronavírus. Apesar do La Vanguardia ressalvar que a decisão ainda não é 100% final, os trabalhos em andamento na Comissão Europeia, que está a elaborar uma lista comum de países para os quais as fronteiras serão abertas no próximo dia 1 de julho, esses três gigantes serão, muito provavelmente, deixados de fora.

O mesmo jornal espanhol explica que neste momento existem várias listas em cima da mesa — desde uma maior com cerca de 40 países com acesso permitido, a uma mais pequena com apenas 16 — e que os países da EU (e não só) estão a tentar negociar quem entra e quem sai deste perfilar de nações que terão primazia no regresso a solo europeu. Diplomatas e políticos mantêm-se em conversações mas a decisão final deverá ser conhecida na próxima sexta-feira. Dentro dos critérios a serem avaliados para a abertura ou não de fronteiras a determinados países estão dados relativos à saúde pública, claro, mas também relacionados com o setor do turismo (que está sob fortíssima pressão, dada a falta de viajantes).

Os dados da Agência Europeia para Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) têm sido determinantes para o processo de decisão sobre quem pode ou não entrar e serviu para estabelecer o limite orientador que diz que um país tem de ter no máximo 16 infeções por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias, para conseguir entrar. Os países serão avaliados com base nesse critério mas também pela sua capacidade de testagem, rastreio e controlo de surtos. Um dos problemas em cima da mesa é que o ECDC pode basear-se em dados oficiais fornecidos pelos países, mas sua qualidade não é garantida — um ponto central do debate na reunião de ontem foi a confiabilidade dos dados e a sua possível manipulação.

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O ponto de situação que o La Vanguardia apresenta dá conta que a Espanha está a tentar forçar a “luz verde” de países como o Paraguai, Uruguai e Cuba. Ao mesmo tempo, nações como a Tunísia, Marrocos e Argélia já terão o “ok” para regressarem a solo europeu. Como outro dos critérios em cima da mesa é a reciprocidade das permissões de viagem — aceita-se receber quem também permite o mesmo no sentido inverso –, a China pode ficar também fora da lista de permissões já que cumpre os requisitos de saúde mas tem as suas fronteiras encerradas. Nova Zelândia e Austrália são casos idênticos.

De acordo com estes critérios, o veto à entrada de cidadãos dos Estados Unidos será mantido, por mais politicamente sensível que seja a decisão. Epidemiologicamente, não há como justificar a sua inclusão e, além disso, Bruxelas não esquece que foi Trump o primeiro a decidir de forma unilateral e sem aviso prévio o encerramento das suas fronteiras para os europeus no mês de março. Só dois dias mais tarde é que a UE fechou a entrada no seu território a todos os passageiros vindos do exterior, com exceção de diplomatas, médicos e especialistas relacionados com a pandemia — além de nacionais e residentes da UE. Desde então, a Europa manteve as suas fronteiras fechadas, tendo só agora começado a falar na reabertura. Entre 15 e 23 de junho a grande maioria dos países do espaço Schengen levantou as suas limitações internas e agora, no próximo dia 1 de julho, chega a altura de reabrir as fronteiras externas.

Para além de EUA, Brasil e Rússia, nações como o Irão, a Arábia Saudita, o Afeganistão, a África do Sul, o México e grande parte da América do Sul provavelmente estarão fora da lista de permissões. Países dos Balcãs como a Sérvia e Montenegro deverão ter autorização mas o caso da Turquia,por exemplo, ainda não está decidido.