O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, pediu na quarta-feira que Israel e palestinianos aproveitem os acordos entre o Estado judaico e dois países árabes para negociar “uma solução política” para o conflito que os opõe.
Israel assinou, na terça-feira, em Washington, acordos de restabelecimento de relações com o Barhein e os Emirados Árabes Unidos que preveem a suspensão da anexação israelita de territórios pretendidos pelos palestinianos, o que a ONU vê como “o momento” para que ambos “retomem o diálogo a fim de encontrar uma solução política em linha com as resoluções do Conselho de Segurança”.
Guterres garantiu, em conferência de imprensa, que a ONU tem feito um esforço não só para promover um contacto direto entre as duas partes, mas também para encontrar um formato através do qual o quarteto de mediadores do conflito no Médio Oriente (ONU, Estados Unidos, União Europeia e Rússia) possa encontrar-se.
“Até agora não conseguimos chegar ao consenso necessário para isso, mas persistiremos nos nossos esforços. É muito importante não desistirmos do processo de paz no Médio Oriente”, disse o antigo primeiro-ministro português.
O secretário-geral reiterou ainda o agrado da ONU sobre os acordos “patrocinados” pelos EUA no restabelecimento das relações de Israel com os Emirados Árabes e o Bahrein, em linha com a sua oposição comum ao Irão, afirmando que “a cooperação internacional é absolutamente essencial para a resolução de problemas”.
António Guterres focou-se, sobretudo, no acordo com os Emirados Árabes Unidos, que pressupõe que Israel suspenda o seu plano contencioso para anexar territórios da Cisjordânia pretendidos pelos palestinianos.
“Sempre dissemos que a anexação teria consequências dramáticas para a paz e estabilidade na região e prejudicaria uma solução de dois Estados, que acreditamos ser a única forma de resolver o problema dos dois povos que precisam de viver juntos em paz e segurança”, disse o chefe das Nações Unidas.
Os palestinianos opõem-se aos acordos com os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein, vendo-os como uma traição à sua causa pelos países árabes, que concordaram em reconhecer Israel sem garantir concessões territoriais.