A Shark Allies, uma organização ambientalista pela defesa dos tubarões sediada na Califórnia, alertou para a possibilidade de um elevado número de mortes de tubarões na produção de uma vacina para a Covid-19, uma vez que o fígado destes animais tem um ingrediente essencial.

Em causa está o esqualano, ingrediente encontrado num óleo produzido pelo fígado dos tubarões e que é usado para fins medicinais pela indústria farmacêutica, nomeadamente pela GlaxoSmithKline. O esqualano tem sido utilizado para a produção de várias vacinas para diferentes coronavirus e gripes, incluindo a gripe aviária (MERS-CoV), a gripe suína (H1N1) e possivelmente a Covid-19, quando houver uma vacina para esta doença.

De acordo com a Shark Allies, se para cada ser humano fosse produzida uma vacina com esqualano derivado de óleo de fígado de tubarão, teriam de ser mortos 250 mil daqueles animais. E esse número aumentaria para o dobro caso seja necessário administrar uma segunda dose pro cada pessoa que tome aquela vacina — que, para já, não existe na sua fase final mas está a ser desenvolvida em várias partes do mundo, com diferentes critérios.

Em comunicado, a diretora daquela ONG, Stefanie Brendl, disse: “Colher algo de um animal selvagem nunca será sustentável, especialmente quando se trata de um predador que não se reproduz em grandes quantidades”.

No texto de uma petição criada pela Shark Allies, aquela ONG sublinha que o esqualano pode ser produzido a partir de outras fontes que não animais: “Pode ser produzido a partir de fermento, batérias, cana de açúcar, azeite e possivelmente até algas”. Em comunicado, a empresa de biotecnologia Amyris, também sediada na Califórnia, já fez saber que está estudar a extração de esqualano a partir da cana-de-açúcar que, por oposição à produção do mesmo a partir de fígado de tubarão, diz ter “um custo menor”.

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