Festa do Avante, peregrinação de 12 de Outubro em Fátima e os (poucos) jogos já disputados na 1.ª Liga com alguns espectadores nas bancadas. Tudo bons exemplos, segundo a diretora-geral da Saúde, que descartou, ainda assim, que o que aconteceu no Autódromo Internacional do Algarve tenha sido “catastrófico”. A pesar na decisão de a DGS que permitiu público nas bancadas do autódromo esteve também a situação pandémica no Algarve, com um baixo índice de infeção por novo coronavírus.

Mas não tendo as regras sido cumpridas e apontadas culpas às autoridades de saúde, nomeadamente à DGS, que emitiu as recomendações para a realização do Grande Prémio, Graça Freitas rejeitou qualquer responsabilidade. “A responsabilidade é dos cidadãos”, afirmou, acrescentando que é elementar que se há um autocolante na cadeira a pedir para que ninguém se sente, as pessoas deviam respeitá-lo “sem ser preciso colocar lá cordas ou pregos para que não se sentem”.

A diretora-geral da Saúde diz que este organismo “também aprende lições”, mas recusa que a “situação tenha sido catastrófica” ou que “possa surgir algum acontecimento dramático” depois de muitas pessoas não terem respeitado as regras de distanciamento social no primeiro dia do evento.

Os três problemas de um sábado que foi uma lição para domingo: o trânsito, um azar na pista e a ausência do distanciamento necessário

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Graça Freitas reforçou a responsabilidade dos cidadãos por mais de uma vez, lembrando: “A DGS faz recomendações, cabe aos cidadãos cumprir”.

Na explicação para a autorização do Grande Prémio no Algarve, a diretora-geral da Saúde lembrou as “experiências anteriores positivas: festa política, manifestação religiosa e vários testes piloto no futebol”. Além do baixo índice de infeção no Algarve, destacando que esta segunda-feira foram contabilizadas no boletim apenas mais 27 novas infeções.

Testes rápidos para pessoas com sintomas, em caso de surto ou para rastreio periódico de profissionais de saúde

Numa conferência de imprensa que teve apenas a presença de Graça Freitas, ficando as questões sobre políticas na saúde sem resposta, a diretora-geral da saúde apresentou a nova norma da DGS sobre a testagem à Covid-19 em Portugal e justificou a utilização de testes de antigénio rápido em algumas situações:

  • Em pessoas sintomáticas, nos primeiros cinco dias de sintomas;
  • Em caso de surto;
  • Para rastreio periódico de profissionais de saúde em contexto de maior risco de exposição

Testes rápidos são para usar sempre que testes PCR sejam muito demorados. Surtos em lares e escolas também com recurso a testes rápidos

Sobre a testagem, mas em relação ao total de testes que vem sendo realizado, Graça Freitas destacou que “nunca se testou tanto como agora” e atualizou a taxa de testes que resultam positivos: 9,8% do total de testes realizados.

Relativamente ao mapas de risco com várias cores, os chamados semáforos, a Diretora-Geral da Saúde aproveitou para explicar que estes cruzam dois parâmetros: a taxa de incidência (novos casos) dos últimos 14 e a taxa de crescimento da mesma região nos últimos 7 dias.

“Estes mapas orientam, não são determinísticos”, salientou. Deles podem resultar medidas generalistas para determinadas zonas, mas também medidas mais finas, que carecem de uma avaliação das autarquias, autoridades de saúde locais ou proteção civil. A densidade populacional de um concelho ou as faixas etárias mais predominantes podem condicionar essas mesmas medidas. “Os mapas de risco são importantes tanto para medidas genéricas ou medidas muito cirúrgicas. São mapas orientadores para a ação. Dão-nos pistas para tomar medidas.”

Sobre o óbito registado entre os 20 e os 29 anos, Graça Freitas esclarece que “era já uma pessoa doente” e recorda que “esta doença é não tão benigna como alguns gostavam, mas também não é tão dramática como se poderá pensar”. “Os mais novos podem ter sintomas, mas felizmente têm uma taxa de letalidade bastante baixa”, rematou.