O presidente do PSD, Rui Rio, defendeu esta quarta-feira que o Governo deve pôr a racionalidade “acima da emotividade” e assegurar a abertura do hospital privado de Miranda do Corvo através da contratualização de serviços de saúde.

No final de uma visita ao hospital, propriedade da Fundação ADFP e concluído em 2019, Rui Rio disse que iria interceder politicamente para que o Ministério da Saúde explique o seu silêncio face às diligências da instituição para que o Estado lhe confie a prestação de alguns serviços.

No contexto da pandemia da Covid-19, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) “está a ficar completamente saturado”, sublinhou no encerramento do programa, numa sessão com os jornalistas em que estavam presentes os presidentes da Câmara e da Assembleia Municipal, Miguel Baptista e João Mourato, respetivamente, eleitos pelo PS, além de outros autarcas.

“Aceito qualquer argumento do outro lado. Não dizer nada não é resposta”, afirmou o líder social-democrata, que visitou o Hospital Compaixão a convite do médico Jaime Ramos, presidente da ADFP e antigo presidente da Câmara de Miranda do Corvo, que em 2017 foi o candidato do PSD à liderança do município de Coimbra.

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A ministra da Saúde “já teve oportunidade de se explicar, até porque é daqui”, de Coimbra, enfatizou Rui Rio, valorizando uma alegada proximidade ao caso do hospital de Miranda do Corvo, que dista cerca de 25 quilómetros da capital do distrito, mas que há 11 anos perdeu a ligação ferroviária à cidade do Mondego, através do Ramal da Lousã.

Na sua opinião, importa que Marta Temido e o Governo ponham “a racionalidade acima da emotividade” e olhem para o Hospital Compaixão com “sentido do interesse público”.

O líder do PSD, que estava acompanhado dos deputados do partido Mónica Quintela e Paulo Leitão, eleitos pelo círculo de Coimbra, frisou que a unidade de saúde foi construída e equipada por decisão da ADFP, criada há mais de 30 anos como Associação para o Desenvolvimento e Formação Profissional, “com incentivo dos governos” de José Sócrates e Pedro Passos Coelho, bem como do primeiro executivo de António Costa.

Contudo, a atual ministra da Saúde “tem aqui um complexo qualquer contra os privados”, incluindo instituições particulares de solidariedade social (IPSS) que, como a ADFP, investem na área da saúde, em relação à qual, segundo Rui Rio, Marta Temido aparenta ter “uma animosidade de raiz”.

Jaime Ramos, ao abrir a sessão no final da visita, lamentou que o Estado, através da Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro, presidida por Rosa Reis Marques, antiga vice-presidente da Câmara de Coimbra, não firme “acordos de cooperação” que assegurem o funcionamento do hospital da ADFP.

“A nossa ideia não é fazer negócios com a saúde”, mas antes promover “um acesso mais fácil” aos cuidados da população do Pinhal Interior, “uma das zonas mais deprimidas do país”.

Também o autarca Miguel Baptista, recordando que o município de Miranda do Corvo apoiou a construção do Hospital Compaixão com 750 mil euros, apelou “ao bom senso da tutela” para que seja “viabilizada a abertura deste equipamento”.