O político angolano Abel Chivukuvuku disse esta quarta-feira que, enquanto liderava a CASA-CE, segundo partido da oposição angolana, propôs às outras forças políticas opositoras que participassem nas eleições autárquicas como um bloco e a ideia foi aceite.

Abel Chivukuvuku, que falava em conferência de imprensa para dar a conhecer o ponto de situação do processo de legalização do PRA-JA Servir Angola, seu novo projeto político, garantiu esta quarta-feira que com ou sem partido, vai continuar a participar na vida política nacional, lembrando que para se candidatar às eleições autárquicas precisa apenas de ter 500 assinantes.

A realização das primeiras eleições autárquicas em Angola estava prevista para este ano, mas não aconteceram, segundo o Governo angolano, por falta de condições, entre as quais a não conclusão do pacote legislativo autárquico e a pandemia da Covid-19.

Segundo Abel Chivukuvuku, em 2018 e 2019, quando se discutia a realização das primeiras eleições autárquicas, na altura ainda presidente da Convergência Ampla de Salvação de Angola — Coligação Eleitoral (CASA-CE), propôs à União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e Partido da Renovação Social (PRS), partidos da oposição com assento parlamentar, que participassem como força única.

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E já tínhamos concordado que nas eleições autárquicas não devíamos, dentro da oposição, competir entre uns e outros, para que houvesse só dois blocos, o bloco do partido no poder e o bloco das oposições e a sociedade civil”, disse.

“Iríamos jogar com o fenómeno das vantagens comparativas. Onde tivéssemos perceção que determinado partido tinha mais vantagens todos apoiávamos só aquele partido para reduzir a hegemonia, infelizmente, não tivemos eleições autárquicas e o panorama político nacional do país mudou”, acrescentou.

O político defendeu que é preciso capacidade para deixar sempre “as portas abertas para a inovação, para coisas novas e mediante a conjugação de ideais, princípios e valores que podem sustentar qualquer tipo de projeto”.

Para Abel Chivukuvuku, a responsabilidade de não se realizar eleições autárquicas este ano, um imperativo constitucional, é exclusiva do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder, lembrando que por iniciativa do Presidente da República, João Lourenço, o Conselho da República analisou um horizonte temporal para a realização de eleições autárquicas e concordou que as mesmas tivessem lugar em 2020.

“Tivemos uma diferença profunda entre o partido no poder e todos os partidos na oposição, a sociedade civil e as igrejas no que diz respeito ao gradualismo na implementação das autarquias”, referiu, salientando que o gradualismo territorial defendido pelo MPLA e a realização em simultâneo das eleições dividiu as partes.

“O meu entendimento é que o MPLA percebeu que com a realização das autárquicas em 2020 iria objetivamente perder a hegemonia que tem no exercício do poder político nacional”, sublinhou.

Segundo o político, “tudo o que houve é medo, a ideia de que a Assembleia Nacional não concluiu o pacote legislativo é de responsabilidade do MPLA, porque a mesa da Assembleia Nacional é presidida por alguém do MPLA, a maioria parlamentar é do MPLA, se eles não quiserem institucionalizar é porque têm receio das eleições autárquicas, simplesmente isso”.