O Ministério da Saúde brasileiro destinou esta segunda-feira 59,4 milhões de reais (9,5 milhões de euros) para que os estados invistam no sistema de refrigeração de vacinas, para receberem o imunizante contra a Covid-19.

A medida foi publicada em Diário Oficial da União e destina-se à denominada “rede de frio”, visando fortalecer nas 27 unidades federativas brasileiras o “Programa Nacional de Imunizações, promovendo resposta qualificada e efetiva ao serviço de imunização nacional para o combate à Covid-19”.

A distribuição do valor para a compra de equipamentos de refrigeração varia conforme o tamanho da população, sendo São Paulo e Rio de Janeiro os estados que receberão as quantias mais elevadas: 11,3 milhões de reais (1,82 milhões de euros) e 4,8 milhões de reais (770 mil euros), respetivamente.

Apesar de o Ministério da Saúde brasileiro ainda não ter divulgado um plano de vacinação definitivo, na semana passada informou que a vacina contra a Covid-19 preferencial para o país sul-americano seria de dose única e termo estável, com armazenamento a temperaturas entre os 2º a 8º graus.

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“Desejamos que idealmente ela seja feita em dose única, embora muitas vezes isso talvez não seja possível, só seja possível em mais de uma dose, mas fundamentalmente que ela seja termo estável por longos períodos, em temperaturas de 2º a 8º graus, porque a nossa rede de frios é montada e estabelecida com essa temperatura”, disse na terça-feira o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Medeiros.

Apesar de não ter referido nenhuma farmacêutica em particular, quer a Pfizer, quer a Moderna, precisam de temperaturas negativas para armazenar os seus imunizantes por longos períodos.

As duas vacinas das farmacêuticas norte-americanas precisam de ser armazenadas a -70º e -20ºC, respetivamente, e ambas exigem duas doses.

O secretário disse ainda que o plano de vacinação contra a Covid-19, em preparação pelo executivo brasileiro, só ficará pronto quando a potencial vacina estiver registada na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão regulador do Brasil.

Segundo a estratégia “preliminar” de vacinação divulgada na semana passada pela tutela da Saúde, o Brasil dará prioridade a idosos, profissionais de saúde e indígenas na imunização contra a Covid-19, prevista para março.

De acordo com a psta, o plano será dividido em quatro etapas de prioridade, sendo a primeira destinada a trabalhadores da área da saúde, população idosa a partir dos 75 anos, cidadãos com 60 anos ou mais que vivem em instituições de longa permanência, como lares ou instituições psiquiátricas, e à população indígena.

“Ao todo, os quatro momentos da campanha somam 109,5 milhões de pessoas imunizadas, em duas doses, como previsto pelos esquemas vacinais dos imunizantes já garantidos pelo Ministério da Saúde: Fiocruz/AstraZeneca e por meio da aliança Covax Facility”, indicou em comunicado o Ministério da Saúde do Brasil.

O Governo já tinha indicado que uma vacina contra a Covid-19 não deverá estar disponível para toda a população do Brasil, país com cerca de 212 milhões de habitantes.

O executivo brasileiro frisou que já tem garantidas, até ao momento, 142,9 milhões de doses de imunizantes, através dos acordos entre a Fiocruz/AstraZeneca (100,4 milhões de doses) e Covax Facility, iniciativa liderada pela Organização Mundial da Saúde(42,5 milhões).

Na contramão do Governo Federal, as autoridades de São Paulo, o estado mais populoso do Brasil, pretendem iniciar a vacinação em massa contra a Covid-19, de forma gratuita, com o imunizante ‘CoronaVac’ em 25 de janeiro, antecipando-se ao plano do executivo central.

O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo maior número de mortos (mais de 6,6 milhões de casos e 176.941 óbitos), depois dos Estados Unidos.

A pandemia de Covid-19 provocou pelo menos 1.535.987 mortos resultantes de mais de 67 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.