Pelo menos 5.267 civis iemenitas, uma média de sete por dia, morreram devido à guerra no país desde que foi assinado o acordo de Estocolmo, em dezembro de 2018, indicou esta quinta-feira o Conselho Norueguês de Refugiados (NRC).

Num comunicado, o NRC recorda que o acordo foi assinado entre o Governo do Iémen reconhecido internacionalmente e os rebeldes Huthis para fazer avançar o processo de paz relativo ao conflito iniciado em 2014.

O passado mês de outubro foi um dos mais violentos deste ano, adianta.

O Conselho assinala que apenas na província de Hodeida, com o principal porto do país controlado pelos rebeldes e alvo do cessar-fogo acordado em Estocolmo, o aumento da violência dos últimos dois anos matou ou feriu pelo menos 1.249 pessoas.

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As vítimas em Hodeida representam a quarta parte de todas as vítimas no Iémen desde a assinatura do acordo, segundo a organização não-governamental.

O NRC nota ainda que os confrontos naquela província e arredores dificultam o acesso de ajuda humanitária e que os ataques armados afetaram 40% das instalações de saúde, principalmente em Hodeida e Taiz (oeste).

“Apesar de inicialmente ter reduzido os níveis de violência, a implementação do acordo estagnou e Hodeida voltou a ser o lugar mais perigoso do Iémen para um civil”, disse o diretor do NRC para o Iémen, Mohamed Abdi, citado no comunicado.

Assinalando que os ataques contra os civis ocorrem “no meio de uma pandemia global, quando a fome bate à porta”, Abdi apelou às partes em conflito para “conter o fogo e regressar imediatamente à mesa das negociações”.

O acordo de Estocolmo conseguiu parar o conflito às portas da cidade de Hodeida, com o principal porto do Iémen, e permitiu iniciar um processo de troca de 16.000 prisioneiros.

No entanto, este processo não avançou e as trocas entre os Huthis e a coligação militar liderada pela Arábia Saudita que intervém no Iémen em apoio às forças do Governo ficaram à margem do mecanismo criado pelo pacto de Estocolmo.

De acordo com os últimos dados da ONU, a guerra do Iémen já causou 233.000 mortos, dos quais 131.000 por causas indiretas como a falta de alimentos, serviços de saúde e infraestruturas.