A paralisação nos setores do comércio e da restauração ao longo de 2020 e 2021, provocada pela pandemia da Covid-19 e semelhante à de outros setores de serviços de atendimento presencial, deixou milhares de cafés e restaurantes por um fio – por outras palavras, à beira da falência. Os números das associações do setor divergem, mas traduzem uma realidade negra: mais de entre 30 mil a 50 mil estabelecimentos de cafetaria e restauração podem não resistir à Covid.

Diferentes estudos feitos sobre o impacto da Covid-19 em cafés e restaurantes apontam para números distintos, mas coincidem na dimensão da crise que se acentuará no pós-pandemia. De acordo com a edição impressa de esta quinta-feira do Jornal de Notícias, a Associação Nacional de Restaurantes Pro.Var estima que “cerca dos 50 mil dos 90 mil restaurantes e similares que existem no país estão em situação de falência”. São números ainda mais preocupantes do que os da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), que num inquérito feito em 1.042 estabelecimentos concluiu que “36% das empresas ponderam avançar para insolvência, dado que as receitas realizadas e previstas não permitirão suportar todos os encargos que decorrem do normal funcionamento da sua atividade”.

Fazendo algumas contas, se o inquérito da AHRESP – cujas conclusões foram partilhadas em comunicado enviados à imprensa a 8 de fevereiro – estimava que 36% das empresas do setor da restauração ponderavam avançar para a insolvência, tal significa que dos 90 mil cafés e restaurantes existentes no país cerca de 32 mil estão em risco. Menos, ainda assim, do que os 50 mil que podem estar em perigo de falência, de acordo com a Associação Nacional de Restaurantes Pro.Var.

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Os novos dados da Associação Nacional de Restaurantes Pro.Var, difundidos pelo JN, resultam de um inquérito feito pela associação a 621 estabelecimentos ao longo do mês de janeiro – e o maior pessimismo quanto ao rumo e à viabilidade das empresas (face ao inquérito da AHRESP) pode resultar das novas medidas de confinamento decretadas  e do maior desalento face a um regresso a semanas de inatividade para os cafés e restaurantes (excluindo as opções take away e delivery, que continuam disponíveis).

Nesse inquérito da AHRESP revelado há cerca de um mês, a vasta maioria das empresas (no caso, 79%) de “restauração e similares” afirmavam ter perdas de faturação superiores a 60%, o que os dados do estudo da Associação Nacional de Restaurantes Pro.Var corroboram. Mas diziam também algo mais preocupante: que “como consequente da forte redução da faturação”, aproximadamente 18 em cada 100 empresas do setor não tinha conseguido pagar salários em janeiro – e outras 18% só tinham pagado “parcialmente” aos funcionários.

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