5.517 milhões de euros — de acordo com o economista Eugénio Rosa, e a partir das informações disponibilizadas pelas empresas privadas ao Ministério do Trabalho, eis quanto as mulheres portuguesas perderam ao longo de 2020 em salários, quando comparadas com homens em cargos iguais. “São as mulheres mais qualificadas que mais perdem face aos homens. No grupo de 1% com ganhos mais mais elevados, as mulheres recebem apenas 59,1% face aos homens”, disse o investigador ao Jornal de Notícias que, esta segunda-feira, Dia da Mulher, dá conta da forma desigual como a crise gerada pela pandemia de Covid-19 está a afetar o sexo feminino.

Apesar de terem perdido mais empregos durante a primeira vaga da pandemia, os homens conseguiram recuperar as suas posições mais depressa — ao longo do verão, e na comparação com os homens, as mulheres conseguiram reaver apenas metade do emprego, revelam os resultados preliminares de um estudo feito pelo Instituto Europeu para a Igualdade de Género, citados pelo jornal.

De acordo com o estudo “Igualdade de género e as consequências socioeconómicas da crise de Covid-19”, para além de estarem mais presentes nos setores mais afetados pela crise, as mulheres tiveram mais reduções de horário do que os homens, estão mais em teletrabalho e trabalham mais horas não remuneradas, na assistência aos filhos. Quando é necessário deixar de trabalhar para dar assistência a dependentes, também são as mulheres que mais abdicam: 40% em relação a 30% dos homens.

“As mulheres correm o risco de serem empurradas, cada vez mais, para as profissões menos valorizadas e com menor rendimento”, disse ao JN Lina Coelho, investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, que está neste momento em processo de recolha de informação para medir o impacto da crise da Covid-19 nas mulheres. “A crise e os movimentos extremistas que têm ganhado força nos últimos anos também podem fazer regredir-nos em desigualdade de género.”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR