O governador de Nova Iorque, Andrew M. Cuomo, está debaixo de fogo e as críticas e pedidos de demissão têm-se multiplicado nos últimos dias. O político norte-americano está a ser acusado de assédio sexual e muitos têm sido os deputados estaduais a pedir a saída do cargo, mas também já se juntaram nomes do Congresso federal dos EUA, incluindo Alexandria Ocasio-Cortez, Jerry Nadler e Antonio Delgado.
Alexandria Ocasio-Cortez é a líder mais visível da ala progressista do Partido Democrata, a que pertence Cuomo, juntou-se a outro congressista, Jamaal Bowman, numa declaração em justificam a necessidade de um afastamento do governador de Nova Iorque. “Esta semana, surgiu a sexta acusação de assédio sexual contra o governador Cuomo. O facto de estas acusações se repetirem e serem tão recentes é alarmante e levanta preocupações sobre a atual segurança e bem-estar da equipa do governador”, pode ler-se o comunicado.
Andrew M. Cuomo rejeita as acusações que seis mulheres vieram apresentar nas últimas semanas e a demissão do cargo, tendo criticado os legisladores por tirarem conclusões precipitadas, acusando-os de serem “imprudentes e perigosos”. “Eu não fiz aquilo de que fui acusado, ponto final”, afirmou numa conferência de imprensa.
Apesar das declarações de Cuomo, as opinião são praticamente unânimes, inclusive de vários membros do partido de Cuomo que decidiram não apoiar o governador. Jerrold Nadler, membro da Câmara dos Representantes dos EUA, concorda que “o governador deve renunciar” porque “perdeu a confiança do povo de Nova Iorque. Os senadores Kirsten Gillibrand e Chuck Schumer juntaram-se ao grupo que quer ver Cuomo a deixar o cargo.
Ao todo, 16 dos 19 democratas da Câmara de Nova Iorque já pediram a demissão de Cuomo, assim como os seus dois senadores democratas, bem como a maioria dos oito representantes republicanos do estado.
Em março do ano passado, quando o estado de Nova Iorque foi assolado pela pandemia da Covid-19, Andrew M. Cuomo tornou-se uma espécie de herói nacional que tinha uma opinião oposta à do na altura Presidente Donald Trump e que fazia briefings diários, com explicações detalhadas sobre a resposta à crise.
Durante meses viveu com centenas de elogios e com o avançar da pandemia os índices de popularidade alcançavam o ponto mais alto desde que assumiu o cargo, em 2011. Contufo, já mais tarde, começaram a surgir acusações por parte de vários congressistas sobre o alegado facto de Cuomo ter mantido em segredo quantos residentes em lares de idosos morreram durante a pandemia.
O escândalo e as acusações sexuais surgiram quando, no início do mês, a ex-assessora Lindsey Boylan acusou o governador de a ter beijado nos lábios e de lhe ter pedido que jogasse “strip poker” quando ambos se encontravam num jato privado. Entre outras acusações, Boylan, de 35 anos, alega que Cuomo lhe tocava sem consentimento e, por diversas vezes, fez comentários inapropriados sobre a sua aparência — as acusações têm em conta o período entre 2016 e 2018.
Andrew Cuomo. Governador de Nova Iorque volta a ser acusado de assédio sexual
Bennett, que foi assistente executiva e conselheira de políticas de saúde na administração de Cuomo até novembro do ano passado, relevou que o governador a assediou na primavera, no pico da luta do estado norte-americano contra a pandemia. O governador não só lhe fez várias questões de índole pessoal, incluindo o que Bennett achava sobre a diferença de idades numa relação amorosa, como disse, em junho último, que se sentia sozinho na pandemia, colocando ainda a pergunta: “Quem foi a última pessoa que abraçaste?”.
A ex-assessora acredita que estes comentários foram de natureza sexual e esclarece que informou a chefe de gabinete de Cuomo sobre o sucedido — uma semana depois, Bennett foi transferida para outro trabalho. A alegada vítima não solicitou uma investigação formal porque “queria seguir em frente”.
Até ao momento há seis acusações de mulheres que dizem ter sido assediadas sexualmente por Cuomo. O governador mantém-se no cargo e já pediu uma investigação independente ao caso.