A polémica em torno da vacina da AstraZeneca tem levado vários utentes a recusar esta vacina quando são contactados pelos profissionais de saúde para que a sua toma seja agendada. Mas quem está no terreno sublinha que não são os utentes que escolhem a marca da vacina que podem tomar – isso seria “ingerível” – e, portanto, quem recusar a vacina que lhe é disponibilizada na prática perde o “lugar na fila” e fica para o final do processo de vacinação (e, mesmo aí, não se prevê que possa escolher).

A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, apelou na conferência de imprensa a que as pessoas não recusem a vacina da AstraZeneca. “Creio que é uma hipótese que as pessoas não deviam colocar. A recusa de uma vacina é recusar proteger-se contra uma doença grave. A alternativa é continuarem vulneráveis“, disse Graça Freitas. O jornal Público cita, esta sexta-feira, José Luís Biscaia, diretor do Agrupamento de Centros de Saúde do Baixo Mondego, que diz que “não dá para escolher. Seria ingerível”.

Se as pessoas não aceitam a regra, e têm esse direito, vão ter de esperar. Serão vacinadas no verão ou depois do verão”, explica.

Este princípio também foi indicado pelo coordenador da task force da vacinação, o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, que explicou que “o princípio no processo de vacinação é a não escolha da vacina, porque as vacinas aprovadas são igualmente boas e seguras”.

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José Luís Biscaia diz que, perante os muitos casos de recusa, “explicamos que vão ter que ficar à espera ou a aguardar que mude a regra da atribuição”. “Já tivemos médicos e médicos dentistas, por exemplo, a recusar-se, mas a regra é simples: não dá para escolher”, acrescenta, ouvido pelo Público. Também Diogo Urjais, presidente da Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiar, explica que “recusar é impossível à partida. A orientação é: o utente não escolhe a vacina”.

“Não podemos eliminar a pessoa da lista, o que dizemos é que vai ter que esperar, correndo o risco de não ser vacinada”, remata.

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