A União Europeia está a acompanhar “de perto” o ataque armado em curso na região de Palma, no norte de Moçambique, e a avaliar eventuais necessidades de auxílio a cidadãos europeus afetados por este novo episódio de violência. Numa declaração à Lusa, a porta-voz da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Nabila Massrali, indicou que o Serviço Europeu de Ação Externa está a “acompanhar de perto” a situação, tendo tomado nota do “conteúdo do comunicado de imprensa do Ministério da Defesa” moçambicano publicado nesta quinta-feira de manhã, a confirmar um ataque armado em curso à vila de Palma, junto ao projeto de gás de Cabo Delgado.

“A delegação da UE está em coordenação com os Estados-membros representados localmente, com as organizações da ONU e com as autoridades locais para avaliar a situação e as necessidades no terreno, inclusive no que respeita a quaisquer cidadãos da UE que possam estar presentes” na região afetada, indicou a porta-voz. Nabila Massrali acrescentou que “a União Europeia está a acompanhar com preocupação a deterioração da situação de segurança no norte de Moçambique, e deplora a perda de vidas e a interrupção da atividade económica e social”.

O Ministério da Defesa de Moçambique confirmou nesta quinta-feira, numa declaração à imprensa, um ataque armado à vila de Palma, apontando que “as forças de defesa e segurança estão a perseguir o movimento do inimigo e trabalham incansavelmente para restabelecer a segurança e a ordem com a maior rapidez”.

Governo moçambicano confirma ataque armado a Palma junto a projeto de gás

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O coronel Omar Saranga, porta-voz do Ministério da Defesa moçambicano, admitiu que as comunicações com Palma estão interrompidas, não havendo, até este momento, informação sobre vítimas e danos causados.

Na declaração à imprensa desta quinta-feira, Omar Saranga referiu que o ataque realizado por grupos armados começou às 16h15 (14h15 em Lisboa) de quarta-feira, hora em que “terroristas atacaram a vila de Palma em três direções: cruzamento de Pundanhar – Manguna, via de Nhica do Rovuma e o aeródromo”.

O Ministério da Defesa apela para a população “se manter vigilante e serena enquanto procura espaços seguros”, pedindo colaboração com as autoridades, “denunciando os terroristas e homens armados para a sua neutralização”.

Várias fontes disseram na quarta-feira à Lusa que a população de Palma estava a abandonar a vila e a refugiar-se na mata, cenário também confirmado pelo Ministério da Defesa. Ainda segundo testemunhos, trabalhadores de diferentes nacionalidades ligados a obras na região de Palma, onde decorrem os projetos de gás do norte de Moçambique, fugiram juntamente com a população após o ataque de grupos armados à sede de distrito, segundo testemunhos.

A vila acolhe várias empresas e pessoal devido aos investimentos ali em curso. O número de trabalhadores afetados e nacionalidades é incerto, mas algumas fontes relataram à Lusa a situação em Palma, que até aqui tinha sido poupada a três anos e meio de insurgência armada em Cabo Delgado, que está a provocar uma crise humanitária com quase 700 mil deslocados e mais de duas mil mortes.