O Fundo Monetário Internacional acredita que Portugal vai fechar o ano com um défice de 5,04% este ano, pior do que a última previsão, feita em outubro, que apontava para 2,7%. Nessa altura, no entanto, não havia qualquer perspetiva de que pudesse haver um confinamento geral no início deste ano.

A entidade liderada por Kristalina Georgieva antecipa ainda que haja um défice de 1,9% em 2022, também pior do que as últimas previsões (quando era apontado 1,6%).

O FMI arrisca ainda contas para os quatro anos seguintes (habitualmente com o pressuposto de políticas invariantes, ou seja, levando em consideração apenas as medidas de política já adotadas). Para 2023, a organização ainda espera um défice, de 1,4%, mas, finalmente, em 2024, já numa nova legislatura, o Governo deverá ser capaz de atingir um superavit, de 0,5%, mantendo as contas em terreno positivo, em torno de 0,2%, tanto em 2025 como em 2026.

As novas perspetivas do FMI integram a base de dados do World Economic Outlook, que está já disponível no site da organização. Esta quarta-feira haverá mais detalhes sobre as situações orçamentais em todo o mundo, num capítulo dedicado às questões orçamentais (o Fiscal Monitor).

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FMI prevê défice de 8,4% este ano para Portugal e 2,7% em 2021

Em 2021, as contas da organização ficam um ponto percentual acima da previsão do Conselho das Finanças, que também fez uma atualização em março (para -4,1%). E para 2022 é apenas ligeiramente otimista (-0,2 pontos percentuais) nessa comparação com a entidade que fiscaliza as contas do Estado.

Para já, as previsões do Governo, feitas em outubro, aquando do Orçamento do Estado para 2021, estão ainda desatualizadas, sem ter em conta o desconfinamento que obrigou a um novo abrandamento da economia, com reflexos imediatos na receita fiscal, e ao reforço de apoios sociais.

Para todos os efeitos, o Governo ainda espera um défice de 4,3% este ano, mas o ministro das Finanças, João Leão, já anunciou que haverá uma revisão desse valor no Programa de Estabilidade, a ser apresentado até 15 de abril.

Em relação à dívida pública, o FMI admite que possa atingir 131,42% este ano (valor que apenas diverge em uma décima da previsão do CFP), e que continue a cair nos anos seguintes — 125,6% em 2022; 122% em 2023; e 117,6% em 2024, atingindo nesse ano os níveis pré-pandemia (de 2019). Finalmente, a projeção do FMI aponta para 113,9% em 2025 e 110,6% em 2026.

Artigo corrigido nas previsões anteriores — FMI previa em outubro 1,6% e não 2,8%