O presidente da Mota-Engil África, Manuel Mota, disse esta quinta-feira que o acordo de livre comércio em África é fundamental para o desenvolvimento do continente, já que fomenta a integração regional, fundamental par ao desenvolvimento económico.
O acordo de livre comércio em África é fundamental para desenvolver as economias, porque a maneira mais fácil de crescer é crescer juntos, à semelhança do que foi feito na Europa, com a União Europeia, e em África estão a tentar fazer o mesmo”, disse o líder da construtora portuguesa durante o seminário empresarial Portugal-África “Exportar ‘Verde’ – Internacionalização das empresas na era da sustentabilidade”, organizado pela presidência portuguesa da União Europeia, que decorre esta quinta-feira em formato virtual a partir de Lisboa.
“A maioria das grandes infraestruturas em construção serve para ligar países, os grandes projetos em curso focam-se no desenvolvimento do país, mas também na criação de condições para o comércio entre países”, apontou Manuel Mota, exemplificando com algumas das suas obras na Nigéria e no Níger.
“Temos de olhar para o continente pensando na integração e no comércio entre países, que foram desenvolvidos durante a época colonial para exportar independentemente do vizinho, o que criou uma herança de pouca integração regional”, vincou o empresário.
Em África, defendeu, “há tudo para fazer, é um continente de oportunidades, de futuro, mas também do presente”.
Questionado sobre se a pandemia dificultou ou manteve as dificuldades de financiamento para os projetos no continente, percecionados como mais arriscados, Manuel Mota disse que “tornou-se mais difícil com a pandemia” e defendeu que “é preciso ser pragmático com o financiamento”.
As economias europeias, argumentou, beneficiaram de grandes ajudas públicas durante a recessão do ano passado, o que não aconteceu no continente africano: “Muitas das Pequenas e Médias Empresas desapareceram, os governos europeus fizeram um enorme esforço para sustentar as economias e isto não é possível em África”, um continente afetado não só pelo abrandamento da atividade económica, mas também pelo alto nível de dívida pública, que encarece o financiamento.
“Houve um enorme impacto financeiro, mas a pandemia também serviu para abrir os olhos das pessoas relativamente ao facto de que o financiamento é necessário para apoiar estes países e o seu desenvolvimento”, concluiu o construtor.
O acordo para a criação da Área de Livre Comércio Continental Africana foi assinado por 54 países africanos (de um total de 55), incluindo todos os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e ratificado por 31 países, como África do Sul, Angola, Guiné Equatorial, São Tomé e Príncipe e Nigéria, entre outros, e entrou em funcionamento em 01 de janeiro deste ano.