O Reino Unido inicia nesta segunda-feira uma nova etapa do plano de desconfinamento, incluindo autorização para viajar de férias para o estrangeiro, mas apenas alguns países, entre os quais Portugal, permitem a entrada a britânicos.
Dos 12 países e territórios da “lista verde” do governo britânico, que autoriza as viagens por motivos não essenciais e não exige quarentena de 10 dias no regresso, sete não deixam entrar turistas, como Austrália, Nova Zelândia, Singapura, Brunei e Ilhas Malvinas.
O facto de Portugal ser um dos poucos destinos de praia na lista, a qual deixou de fora países populares como Espanha, Grécia e Turquia, levou a um número elevado de procura e reservas. O jornal The Mirror, que acompanhou o primeiro voo para Portugal, diz que chegarão cerca de cinco mil britânicos por dia ao Algarve, só nesta semana. Esta segunda-feira chegam 5.500 turistas em 17 voos, revelou à Rádio Observador o Presidente da Região de Turismo do Algarve. “Hoje é um dia feliz”, considera João Fernandes que fala num balão de “oxigénio” para o setor.
Depois de um verão passado muito afetado pela Covid-19, as reservas para os últimos quatro meses do ano começam a atingir números pré-pandemia. “Estão já próximos do normal”, garante João Fernandes.
Já o grupo TUI disse à Agência Lusa ter adicionado mais cinco voos por semana a partir desta segunda-feira e atribuído aeronaves mais espaçosas para ter capacidade adicional. Por outro lado, a Região de Turismo do Algarve, a Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve e a Associação de Hotelaria disseram ao jornal Inevitável que as reservas dispararam, prevendo assim um bom verão.
A partir desta segunda-feira, as pessoas na Inglaterra poderão também comer no interior de restaurantes ou beber uma cerveja num pub, em vez de ficarem limitados às esplanadas como até agora, e visitar familiares ou amigos dentro de casa e abraçá-los. Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte estão a seguir caminhos de reabertura semelhantes, mas ligeiramente diferentes. Outros espaços de lazer, como cinemas, museus, teatros e salas de concerto poderão reabrir, embora com limites de capacidade para grandes eventos.
Porém, o entusiasmo com a reabertura do turismo e a restauração é ensombrado pela ansiedade que uma variante do coronavírus descoberta na Índia está a causar por estar a espalhar-se rapidamente. O número de casos da variante B1.617.2 mais do que duplicaram numa semana no Reino Unido, desafiando uma tendência acentuada de queda em todo o país de infeções e mortes nas últimas semanas.
Rastreios porta a porta e apelos para as pessoas serem vacinadas estão a ser realizados nas áreas do norte da Inglaterra mais afetadas.
O ministro da Saúde britânico, Matt Hancock, disse no domingo à BBC que a variante é mais transmissível do que a variante principal descoberta em Inglaterra no ano passado e “é provável que se torne a variante dominante”.
Mas a boa notícia é que temos cada vez mais confiança de que a vacina funciona contra a variante, a estratégia está no caminho certo. Só que o vírus ganhou um pouco de ímpeto e, portanto, todos temos que ser um pouco mais cuidadosos e cautelosos”, disse.
Na sexta-feira, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, não excluiu atrasar a quarta etapa do plano de desconfinamento, prevista para 21 de junho, quando o governo pretendia levantar todas as restrições e medidas de distanciamento social. Disse também que não previa aumentar a “lista verde”, a qual é suposto ser revista a cada três semanas, no futuro próximo.
O Reino Unido registou quase 128.000 mortes desde o início da pandemia, o número mais alto na Europa e o quinto a nível mundial (em termos absolutos). O número de casos caiu para uma média de cerca de 2.000 por dia, em comparação com quase 70.000 por dia durante o pico do inverno, e as mortes caíram para um dígito por dia.
Quase 70% dos adultos britânicos receberam a primeira dose de uma vacina contra o coronavírus e 38% receberam as duas doses.