“É necessário que Israel pare imediatamente com estes ataques para se regressar a um ponto em que o caminho para a paz seja possível e não se agrave este caminho para o conflito.” As palavras são de António Costa que está em Paris, na Cimeira para o Financiamento das Economias Africanas, e que entre as preocupações com África pediu um cessar-fogo imediato mas, mais do que isso, “a criação de condições de convivência entre os povos e os estados”.
Não houve mortes na última noite em Gaza, mas bombas e rockets continuam a ser lançados
O desenvolvimento dos países é o ponto mais relevante para o líder português que está a exercer a presidência da União Europeia, que dispensa “palavras inconsequentes” e que promete lutar por “concretizações efetivas”, nomeadamente na procura de soluções para travar a desigualdade. Costa recordou que já foram aprovadas moratórias de dívida, mas espera agora que a União Europeia consiga uma resposta conjunta que inclua tanto a questão da dívida como ajude a resolver a capacidade orçamental destes países, para que estes fatores “não sejam constrangimentos ao seu desenvolvimento” e para que seja possível e “estabelecer parcerias concretas para o desenvolvimento sustentável”.
“A União Europeia, espero que na nossa presidência, vai aprovar um programa que mobilizará 80 mil milhões de euros para investimento no continente africano, 30 mil milhões obrigatoriamente na África subsariana”, anunciou o primeiro-ministro, que pretende usar a presidência portuguesa para conseguir um “consenso” e para “aproximar continentes que são vizinhos”.
Sobre Moçambique, António Costa assegurou que existe a consciência de todos de que o país “precisa de um apoio muito particular neste combate contra o terrorismo, que é uma ameaça internacional”. Tal como o presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse, Costa reiterou que é preciso “uma coligação internacional” para “enfrentar esta ameaça”. É um “ataque de grande gravidade”, mas está a gerar-se “uma boa conjugação de esforços entre as organizações africanas que pode contar com o apoio da UE”, através de apoio logístico, humanitário e militar.
Também aqui Portugal terá uma palavra a dizer. O primeiro-ministro recordou que Portugal assegura formação militar há 40 anos e revelou que esta “tem vindo a ser robustecida nos últimos meses e que continuará a ser, em particular na formação de forças especiais das Forças Armadas moçambicanas”, para que se prepara uma “capacidade própria” do país.
Portugal integra acordo global sobre dívida de países africanos, diz Costa
O primeiro-ministro português disse que o país vai participar num acordo global sobre a dívida externa dos países africanos, mas sublinhou que Portugal tem também “um nível de endividamento elevado”.
Questionado sobre um eventual perdão de dívida a países africanos, António Costa lembrou que Portugal concedeu uma moratória de seis meses sobre os empréstimos diretos concedidos a Cabo Verde e a São Tomé e Príncipe, no quadro das medidas de mitigação dos impactos económicos, sociais e sanitários provocados pela pandemia de Covid-19.
O que está a ser discutido nesta conferência é a essência de um acordo global e Portugal estará seguramente nesse acordo. Não podemos esquecer que temos um nível de endividamento elevado e toda a nossa participação, para além das relações bilaterais com os países africanos de língua oficial portuguesa, terá de ser vista no quadro geral da União Europeia”, disse António Costa, em declarações aos jornalistas.