Os habitantes de Paris há sete meses que estavam privados das esplanadas, museus, cinemas e restaurantes e nem a chuva ou o frio os dissuadiram esta quarta-feira de esgotar cafés e restaurantes, prometendo viver um dia de cada vez.

Não sabemos o que se vai passar amanhã e, por isso, temos de viver cada dia como se fosse o último. Um dia de cada vez”, disse à agência Lusa Isabel, que veio esta manhã até à esplanada do Café Marly, junto ao Louvre.

Instalada confortavelmente com a amiga Julia, as duas apressaram-se a pedir um copo de vinho para celebrar a segunda fase do desconfinamento em França, que permite a reabertura de bares, restaurantes e cafés no exterior, criando em Paris centenas de esplanadas efémeras.

O Café Marly, instituição no 1.º bairro de Paris e essencial nos roteiros dos cafés mais chiques da capital, estava completamente reservado para almoço e assim ficará nos próximos dias.

Segundo a empresa de sondagens Ifop, cerca de 65% dos franceses vão marcar presença numa esplanada até ao fim da semana. “É o primeiro dia em que temos esplanadas, em que os cafés e restaurantes reabrem e temos tido muito cuidado até agora. Fomos vacinadas e queremos celebrar“, sublinhou Julia, já com as duas doses da vacina contra a Covid-19 tomadas.

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Nem Emmanuel Macron escapou a este consenso geral, fazendo-se fotografar e filmar logo de manhã a tomar um café com o primeiro-ministro, Jean Castex, difundindo a fotografia e o vídeo nas redes sociais.

“Aqui estamos! Esplanadas, cinemas, teatro… Encontremos de novo a nossa arte de viver. Sempre dentro do respeito dos gestos barreira”, escreveu o chefe de Estado francês. E nem as fortes chuvas ou o frio, cerca de 15 graus, dissuadiram os parisienses de acorrer a estes espaços, com as ida a muitos cafés a serem acompanhadas de guarda-chuvas.

Ao lado do Café Marly, os amantes das artes voltavam ao seu lugar de eleição. Com mais de 72 mil metros quadrados, o Louvre é o maior museu do mundo e também um dos mais visitados.

“Nunca tinha vivido um período assim, não podemos preencher este vazio. Eu trabalho com a arte e não há o que substitua a proximidade com as obras de arte. Faz parte da minha vida”, disse Marie enquanto entrava apressada no Louvre, que só pode ser visitado com marcação e com um perímetro de 8 metros quadrados por pessoa.

Esta galerista veio primeiro ver os clássicos, mas já tem outros encontros com a arte marcados para esta semana, confidenciando que o período de confinamento teve um impacto positivo no mercado da arte. “O mercado de arte vai muito bem, é incrível. Temos novos clientes e pessoas a quem nunca teríamos chegado nas salas de venda tradicionais”, explicou.

Marie quer agora que acabe a obrigação de manter a máscara no interior e no exterior. Algumas regiões em França, como Ardeches, Creuse, ou até periferias da capital já pensam em aligeirar esta obrigação no exterior. Michel, que vive no 8.º bairro de Paris, não quis perder a oportunidade de voltar às lojas, fechadas desde o início de abril, data do terceiro confinamento que durou até ao início de maio.

Para esta noite já tenho reservas para jantar numa esplanada e decidi passar o dia a fazer compras“, afirmou o parisiense à saída das Galerias Lafayette, nos Campos Elísios. A resposta para o regresso à vida normal, segundo este parisiense é a vacinação: “Há muitas pessoas que já estão vacinadas e vamos ter de viver com este problema, portanto mais vale vivermos o que conseguimos“, concluiu.

A próxima fase do desconfinamento com os restaurantes a poderem acolher clientes no interior acontece a partir de 3 de junho, tendo em conta a evolução da pandemia em França.