África deve deixar de depender da importação de vacinas contra a covid-19 e desenvolver capacidade de produção de vacinas e outros produtos médicos, defendeu esta quinta-feira o Diretor-Geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
“Até agora, África administrou pouco mais de 31 milhões de doses da vacina Covid-19, ou seja, 2% do total global. Isto está longe de ser suficiente”, lamentou o responsável.
Segundo o biólogo etíope, “é claro que a África não pode contar apenas com a importação de vacinas do resto do mundo, devemos construir essa capacidade, não só para as vacinas Covid-19, mas para outras vacinas e produtos médicos”.
Ghebreyesus falava no primeiro painel, intitulado “Lições da pandemia: um apelo urgente para fortalecer as capacidades de saúde da África”, do Ibrahim Governance Weekend 2021, promovido pela Fundação Mo Ibrahim, que decorre num formato digital entre até sábado.
Na abertura do evento, o empresário sudanês Mo Ibrahim, presidente da Fundação com o seu nome, acusou os países ricos de “açambarcarem” as vacinas contra a Covid-19, violando a ideia de que “ninguém está seguro até todos estarem seguros”.
Ibrahim lamentou também que os países mais desenvolvidos tenham sido capazes de se endividar “enormemente a baixo custo em trilhões de dólares para apoiar as suas populações e economias”, enquanto que para os países africanos “quando é possível, é proibitivamente caro”.
Mesmo assim, o filantropo disse estar “otimista” sobre o futuro e manifestou esperança no desenvolvimento de planos de recuperação da pandemia Covid-19 e na redefinição dos modelos de crescimento em África.
“Precisamos de um novo modelo (…) que crie emprego, [que seja] equitativo, sustentável e verde”, defendeu.
O Ibrahim Governance Weekend reúne políticos, especialistas e ativistas da sociedade civil para debater o impacto da pandemia Covid-19 em África e o caminho para a recuperação.
Entre os oradores estão, entre outros, o Diretor-Geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o Presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, o diretor do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), John Nkengasong, e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.