A audição a Carlos Tavares, ex-presidente da CMVM, já não vai acontecer nesta tarde de segunda-feira – embora se mantenha o testemunho que será prestado pela atual presidente do supervisor dos mercados, Gabriela Figueiredo Dias. A comissão parlamentar de inquérito decidiu adiar a audição de Carlos Tavares porque quer, primeiro, obter um relatório interno que foi preparado ainda no tempo de Carlos Tavares na CMVM (Comissão de Mercado e Valores Mobiliários) e que analisou a atuação da CMVM no caso BES. É uma espécie de congénere do “relatório Costa Pinto” do Banco de Portugal (mas que, no caso da CMVM, foi feito internamente, pelos serviços do supervisor – foi, aliás, a atual presidente da CMVM que coordenou esse trabalho).

Apesar de não ser o foco da avaliação, o relatório Costa Pinto dedicou alguma atenção à forma como o Banco de Portugal interagiu com outros supervisores, tendo feito reparos à atuação da CMVM, liderada por Carlos Tavares, tal como o Observador já noticiou.

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A informação que a audição tinha sido adiada terá sido comunicada ao próprio Carlos Tavares apenas esta manhã, a poucas horas do início previsto. Carlos Tavares já tinha sido ouvido na primeira comissão de inquérito do BES, em 2015, e nessa altura indicou que este relatório existia e tinha sido feito, por sua ordem. Os deputados acabaram, porém, por não pedir o relatório, na altura, nem fazer muitas perguntas sobre ele.

Perante esta nova comissão parlamentar, que se foca nas perdas registadas pelo Novo Banco (e imputadas ao Fundo de Resolução), Carlos Tavares terá chegado a sugerir que o seu depoimento fosse substituído, do ponto de vista dos trabalhos da comissão, pelo envio do documento que faz parte do arquivo da CMVM. Mesmo assim, os deputados quiseram ouvir o homem que hoje é presidente do conselho de administração do Banco Montepio – porém, a audição acabou por ser adiada porque esse documento ainda não foi enviado aos deputados (não existindo informação sobre quando terá sido pedido).

Mesmo tendo sido adiado o depoimento de Carlos Tavares, os deputados vão ter a oportunidade de questionar a principal autora do relatório – a própria Gabriela Figueiredo Dias – já que essa audição continua agendada para as 17h desta segunda-feira.