A notícia foi dada de forma oficial num comunicado do Governo russo: um avião militar e um navio da Rússia teriam disparado tiros de aviso e lançado bombas perto de um navio britânico, por causa de uma suposta “violação da fronteira” russa, perto da Crimeia. Mas as versões dos dois países são opostas: segundo os britânicos, não só a fronteira não foi violada como não existiram tiros nem bombas, pelo menos dirigidos ao Reino Unido.
O Ministério da Defesa britânico, citado pela BBC, garante que o navio da Marinha britânica está a circular em águas ucranianas, “de acordo com a lei internacional” — o Reino Unido não reconhece a anexação da Crimeia por parte da Rússia — e que não recebeu “tiros de aviso”. O Governo britânico acrescenta que não “reconhece” como verdadeira a afirmação de que terão sido lançadas bombas perto do navio.
Na versão dos britânicos, a única coisa que aconteceu resumiu-se, aliás, a um mero exercício dos militares russos que envolvia armas, do qual o navio britânico até foi avisado atempadamente.
No warning shots have been fired at HMS Defender.
The Royal Navy ship is conducting innocent passage through Ukrainian territorial waters in accordance with international law.
— Ministry of Defence Press Office (@DefenceHQPress) June 23, 2021
Ora isto colide diretamente com a versão dos russos. Minutos antes desta resposta, a imprensa britânica tinha dado nota de um comunicado do Ministério da Defesa russo em que se garantia que a Rússia tinha lançado quatro bombas e tiros de aviso a um navio contratorpedeiro do Reino Unido que teria entrado em águas russas, perto da Crimeia, no Mar Negro.
Os russos diziam, no mesmo comunicado, ter avisado primeiro que haveria ataques com armas caso se concretizasse a “violação da fronteira russa”. O navio “ignorou o aviso”, lê-se na nota.
Ainda segundo as autoridades russas, o navio britânico teria, de seguida, alterado a rota que seguia, uma versão agora desmentida pelo Reino Unido.
A imprensa britânica, citando a agência Interfax, diz que os representantes diplomáticos do país terão sido chamados ao Ministério da Defesa russo. E acrescenta que o navio britânico estaria a levar a cabo missões no Mar Negro, tendo o Reino Unido e a Ucrânia assinado um acordo para a construção de navios de guerra e de duas bases navais.
G-7 não reconhecerá tentativas da Rússia de legitimar a ocupação da Crimeia
O Reino Unido — tal como a União Europeia e os Estados Unidos — condena e não reconhece a anexação da Crimeia por parte da Rússia, que aconteceu em 2014 após uma rebelião “pró-ocidental” em Kiev e que resultou num confronto armado que desde então já fez cerca de 14 mil vítimas mortais, de acordo com a ONU.
A anexação, que a UE considera “ilegítima e ilegal”, resultou aliás na expulsão da Rússia do G8, do qual fazia parte juntamente com França, Alemanha, Reino Unido, Japão, Canadá, Itália e Estados Unidos.