A notícia foi dada de forma oficial num comunicado do Governo russo: um avião militar e um navio da Rússia teriam disparado tiros de aviso e lançado bombas perto de um navio britânico, por causa de uma suposta “violação da fronteira” russa, perto da Crimeia. Mas as versões dos dois países são opostas: segundo os britânicos, não só a fronteira não foi violada como não existiram tiros nem bombas, pelo menos dirigidos ao Reino Unido.

O Ministério da Defesa britânico, citado pela BBC, garante que o navio da Marinha britânica está a circular em águas ucranianas, “de acordo com a lei internacional” — o Reino Unido não reconhece a anexação da Crimeia por parte da Rússia — e que não recebeu “tiros de aviso”. O Governo britânico acrescenta que não “reconhece” como verdadeira a afirmação de que terão sido lançadas bombas perto do navio.

Na versão dos britânicos, a única coisa que aconteceu resumiu-se, aliás, a um mero exercício dos militares russos que envolvia armas, do qual o navio britânico até foi avisado atempadamente.

Ora isto colide diretamente com a versão dos russos. Minutos antes desta resposta, a imprensa britânica tinha dado nota de um comunicado do Ministério da Defesa russo em que se garantia que a Rússia tinha lançado quatro bombas e tiros de aviso a um navio contratorpedeiro do Reino Unido que teria entrado em águas russas, perto da Crimeia, no Mar Negro.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Os russos diziam, no mesmo comunicado, ter avisado primeiro que haveria ataques com armas caso se concretizasse a “violação da fronteira russa”. O navio “ignorou o aviso”, lê-se na nota.

Ainda segundo as autoridades russas, o navio britânico teria, de seguida, alterado a rota que seguia, uma versão agora desmentida pelo Reino Unido.

A imprensa britânica, citando a agência Interfax, diz que os representantes diplomáticos do país terão sido chamados ao Ministério da Defesa russo. E acrescenta que o navio britânico estaria a levar a cabo missões no Mar Negro, tendo o Reino Unido e a Ucrânia assinado um acordo para a construção de navios de guerra e de duas bases navais.

G-7 não reconhecerá tentativas da Rússia de legitimar a ocupação da Crimeia

O Reino Unido — tal como a União Europeia e os Estados Unidos — condena e não reconhece a anexação da Crimeia por parte da Rússia, que aconteceu em 2014 após uma rebelião “pró-ocidental” em Kiev e que resultou num confronto armado que desde então já fez cerca de 14 mil vítimas mortais, de acordo com a ONU.

A anexação, que a UE considera “ilegítima e ilegal”, resultou aliás na expulsão da Rússia do G8, do qual fazia parte juntamente com França, Alemanha, Reino Unido, Japão, Canadá, Itália e Estados Unidos.