Os partidos de esquerda desafiaram esta quarta-feira o PS a apoiar os projetos sobre direitos laborais, incluindo o aumento para 25 dias de férias e mudanças nos critérios de despedimento, instando os socialistas a eliminar a “herança da troika“.

Em debate, por agendamento do PCP, estiveram esta quarta-feira 10 diplomas, apresentados pelo PCP, BE, PEV e PAN, com os deputados destes partidos a apontarem críticas à manutenção das regras mais lesivas para os trabalhadores que foram incluídas no Código do Trabalho durante a revisão de 2012 e a sublinharem a vaga de despedimentos que se está a assistir atualmente e que envolve milhares de pessoas. Sublinhando que os problemas do desemprego e da precariedade “não são de hoje” Diana Ferreira, do PCP, precisou que estes “ganharam expressão” perante o “aproveitamento” que está a ser feito à boleia da pandemia e que os alimentam.

Depois de apelidar de “aberração” o despedimento por inadaptação e a redução das indemnizações, a deputada questionou o PS sobre o “que tem a dizer aos milhares de trabalhadores que neste momento têm o despedimento como solução“, lembrando que falta aos socialistas dar o passo que garanta que quem fica nesta situação não fica esta quarta-feira “menos protegido do que há dez anos”.

Em tom crítico, o deputado do BE, José Soeiro, também não deixou passar em branco o facto de esta semana estar a ser marcada “por um vasto espectro” de despedimento, apontando os casos do Santader, BCP, Altice, em várias cantinas ou na restauração.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“E se nada mudar esta nova vaga de despedimentos vai ser enfrentada com as regras que a troika deixaram no Código do Trabalho. Regras essas que facilitarem e em embarateceram os despedimentos”, referiu o deputado do BE, sublinhando que a situação atual se deve à recusa do PS em “mexer nas regras que a troika introduziu na lei laboral”.

Durante o debate, José Soeiro afirmou ainda que “não haverá política à esquerda para o trabalho e de resposta à crise sem mexer na herança” da troika no Código do Trabalho. Também José Luís Ferreira, do PEV, sublinhou as “alterações” realizadas na lei laboral que fragilizaram e desprotegeram os trabalhadores na relação laboral, sustentando ser “tempo de começar a reverter as medidas” assumidas no tempo do Governo do PSD/CDS-PP.

Pelo PAN, Nélson Silva, referiu que o debate desta quarta-feira “é sobre justiça social” e para perceber se o país “quer avançar para uma legislação laboral com sensibilidade social” e “capaz de dar respostas aos desafios e problemas” atuais.

Durante o debate, a deputada do PSD, Helga Correia, referiu que este agendamento “mais não é do que um exercício de demagogia política do PCP para encontrar o PS à parede numa altura em que se aproximam as negociações para o próximo Orçamento do Estado”.

“Isto mais não é do que um exercício para o Orçamento do Estado 2022”, disse, afirmando que resta apenas saber se o PS “vai ou não passar com distinção neste exercício” colocado “pelo seu parceiro de geringonça”. Entre os projetos esta quint-feira em discussão estão o aumento para os 25 dias uteis de férias e a redução do horário de trabalho para as 35 horas no setor privado — matérias abordadas pelo PCP, BE, PEV e PAN.

Em debate estiveram também projetos do PCP de combate à precariedade laboral e de reforça os direitos dos trabalhadores e de alteração do regime do despedimento coletivo e do despedimento por extinção do posto de trabalho e revoga o despedimento por inadaptação.