O Fórum para a Competitividade considera “excessivas” as restrições económicas impostas devido à pandemia, admite que o verão de 2021 seja ainda pior do que o de 2020 para o turismo e que a retoma seja muito parcial.

“Para 2021, tem surgido muita informação contraditória sobre a evolução do PIB português ao longo do ano. As restrições económicas, a pretexto da pandemia, parecem excessivas, mas do exterior também têm surgido orientações inconstantes, admitindo-se que o verão de 2021 venha a ser pior do que o 2020, para o turismo”, refere o Fórum para a Competitividade na sua edição n.º 14 das “Perspetivas empresariais” relativas ao segundo trimestre de 2021, esta quinta-feira divulgada.

Considerando que as restrições à atividade que a subida de novos casos e “uma atitude excessivamente conservadora por parte do Governo” trouxeram a este segundo trimestre do ano, a estrutura presidida por Pedro Ferraz da Costa, considera existirem condições para se poder assegurar que a “retoma será muito parcial” em 2021, apontando ainda que a ajuda à retoma, por parte do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) português, “está muito atrasada” e que este, “apesar de muito focado na conjuntura, tem um calendário muito mais lento do que o congénere espanhol, o que é uma contradição”.

O Fórum refere também a demora, para a qual não encontra explicação, para o início pleno das atividades do Banco de Fomento, situação que “terá reflexos negativos na velocidade da retoma económica“. O Fórum para a Competitividade ressalva também que, entre as restrições à atividade impostas, “algumas são difíceis de entender” devido à “forte diminuição” dos riscos sanitários.

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Recorde-se que nestas últimas semanas, várias associações representativas de empresas de comércio e serviços têm reclamado um horário idêntico ao do retalho alimentar durante os fins de semana, nos concelhos de risco elevado e muito elevado, e têm também reclamado uma subida da taxa de ocupação no interior dos espaços comerciais.

O Fórum para a Competitividade lembra, ainda a propósito do PRR, que a maior crítica que lhe tem sido apontada tem sido a “preterição das empresas e do setor privado” em relação ao Estado e o facto de que muito do valor “fluirá” para o estrangeiro.

A componente de capitalização empresarial, a par da inovação, correspondente a cerca de 18% do PRR, mas acaba por se reduzir a metade na vertente estrita de capitalização empresarial propriamente dita, e ainda assim em parceria com o Banco Português de Fomento, este, com evidentes dificuldades de capilaridade e de distribuição eficaz dos fundos”, lê-se no documento.

A estrutura liderada por Ferraz da Costa defende, por isso, que “a execução pode ser maximizada pelo uso dos fundos para a atração de IDE para Portugal (à semelhança do que ocorreu com o PEDIP) e mediante forte capilaridade na distribuição dos fundos, como sucedeu no plano SIII”.

Numa análise aos diversos setores da economia, o estudo indica, no caso do turismo, que perante o contexto atual, a recuperação excecional das perspetivas de procura para valores muito superiores a todo o histórico “só pode ser encarada como enviesada“.

“É natural que a expectativa de um retorno a algo semelhante à normalidade pareça muito bom, mas tem que se reconhecer que este sentimento está exagerado pela comparação com o passado imediato, que foi devastador”, é referido.