Dois dos quatro portugueses detidos por alegada violação a duas jovens espanholas de 22 e 24 anos vão ficar em prisão preventiva, tal como o Ministério Público espanhol tinha pedido. Os outros dois ficam a aguardar julgamento em liberdade, com uma medida cautelar que proíbe qualquer comunicação com as duas mulheres que apresentaram queixa.

Esta decisão surge depois de quatro arguidos terem sido ouvidos no tribunal de instrução criminal de Gijón no domingo, onde garantiram que as relações sexuais foram consentidas e alegaram inocência. O caso já motivou reações de várias personalidades da política espanhola e levou à marcação de várias manifestações de protesto.

Os quatro suspeitos permanecem detidos e estiveram esta segunda-feira no Palácio da Justiça de Gijón para que as alegadas vítimas pudessem proceder ao reconhecimento facial dos portugueses.

Quatro portugueses suspeitos de violarem duas jovens em Gijon são inquiridos esta segunda-feira

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As duas mulheres, uma delas de Gijón e uma outra da cidade de Bergara, denunciaram a agressão sexual na esquadra policial, explicando que tinham conhecido um homem online, tendo-se encontrado num bar. Foram com ele para uma pensão onde este estava hospedado, no bairro El Carmen, para um encontro sexual.

Segundo o relato das vítimas, no caminho para a pensão juntou-se um outro homem e, ao chegarem à sala, encontraram dois outros portugueses que as obrigaram a manter relações sexuais com todos eles. Seguidamente, as jovens foram transferidas para o hospital de Gijon para serem submetidas a um exame médico.

Caso motiva várias reações políticas e manifestações

Vários políticos espanhóis já reagiram ao alegado crime. Adrián Barbón, presidente da comunidade autónoma das Astúrias, demonstrou, na sua conta pessoal do Twitter, a sua “total e absoluta condenação à violação múltipla” e afirmou que o “machista agride e mata”.

Irene Montero, ministra da Igualdade do governo espanhol, disse, segundo o jornal El Comércio, que as mulheres espanholas não se podem “calar” nem “parar”. A parlamentar também chamou à atenção para a lei da liberdade sexual, também conhecida pela lei “só sim é sim”, e que as Astúrias deviam “apoiá-la”. Com a nova legislação — já aprovada pelo Conselho de Ministros espanhol –, é considerado um crime de violação todos os atos sexuais em que não exista consentimento, deixando a cair os crimes por abuso sexual.

Vários grupos também já convocaram manifestações por toda a Espanha incluindo Bergara e Gijon. Um dos protestos vai ocorrer esta segunda-feira, à frente da Câmara Municipal de Gijón, às 19 horas (18h em Portugal). A associação Libres y Combativas escreveu no Twitter que não vai permitir que “nem mais uma violação, nem uma agressão machista fiquem impunes”.

Advogado de defesa ameaça denunciar acusações políticas e pede recurso das medidas aplicadas

German Ramon Inclan, advogado de defesa, revela que vai recorrer às medidas de coação conhecidas esta tarde, defendendo a “liberdade com uma fiança ajustadas às posses dos arguidos”. O advogado espanhol foi bastante crítico relativamente aos políticos espanhóis que se “apressaram” a condenar os quatros portugueses e afirma que há provas, nomeadamente vídeos, que desmentem a tese de abuso e sustentam a ideia de sexo consentido. “Não há indícios médicos que indiquem a violação (…) peritos na matéria não confirma nenhum tipo de lesão dessa natureza”, afirmou aos jornalistas junto à porta do tribunal.

Segundo o El Comercio, o advogado ameaça ainda denunciar Adrián Barbón e outras acusações políticas, descrevendo as declarações em causa como quase “criminosas”, chamando os autores de “indigentes intelectuais”. Germán Inclán falou explicitamente de Adrián Barbón, presidente do Principado; Ana González, prefeita de Gijón; Delia Losa, delegada do governo; Irene Montero, Ministra da Igualdade; Gimena Llanedo, Secretária de Organização da FSA; Carmen Moriyón, presidente do Fórum; Adriana Lastra, porta-voz do PSOE no Congresso, e Laura Tuero, porta-voz do Podemos na Câmara Municipal de Gijón.

Notícia atualizada às 20h17