Cerca de 120.000 trabalhadores migrantes precisam de “assistência humanitária urgente” no Líbano para sobreviver à crise económica no país, há um ano com um governo demissionário, alertou esta terça-feira a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

O Líbano, com seis milhões de habitantes, vive uma das piores crises económicas da história desde 1850, segundo o Banco Mundial. A libra libanesa perdeu mais de 90% do seu valor face ao dólar desde o outono de 2019.

Atualmente, 78% da população libanesa encontra-se abaixo do limiar da pobreza — contra 55% o ano passado e menos de 30% antes da crise -, indicou a semana passada o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA) das Nações Unidas. Pelo menos 36% da população vive em pobreza extrema.

Segundo a OIM, os trabalhadores migrantes são particularmente afetados pela crise.

Perderam os seus empregos. Têm fome, não podem aceder aos cuidados de saúde e não se sentem em segurança“, explicou num comunicado Mathieu Luciano, diretor do gabinete da OIM no Líbano.

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“Muitos deles estão tão desesperados que querem deixar o país, mas não têm meios” para viajar, adiantou.

Entre os 210.000 trabalhadores migrantes no Líbano, 120.000 já não podem comer e precisam de “assistência humanitária urgente”, alertou a OIM.

O primeiro-ministro interino do Líbano, Hassan Diab, pediu esta terça-feira aos políticos para deixarem de lado os seus “interesses”, permitindo acelerar a formação de um governo que ajude o país a sair da crise, quando se cumpre um ano desde a sua demissão.

“Estamos condenados a apostar no sucesso das atuais tentativas de formar um Governo capaz de lidar com a profunda crise que vive o Líbano, por isso apelo a todos os que são leais ao país a transcenderem todos os cálculos e a abandonarem todos os interesses pelo bem do Líbano”, disse Diab num comunicado.

O executivo de Diab demitiu-se em bloco após a explosão no porto de Beirute que causou mais de 200 mortos e 6.500 feridos na capital libanesa. Nenhum dos três primeiros-ministros designados para formar governo no último ano conseguiu fazer aprovar um gabinete.

Najib Mikati, o último deles, foi nomeado há duas semanas e também está a enfrentar problemas para atribuir as pastas, tendo em conta o complexo sistema de partilha do poder entre os diferentes grupos religiosos.

Diab afirmou que a única forma de tirar o país do “estado de colapso” é a formação de um executivo que possa retomar as negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI), suspensas após a demissão do seu governo.

O FMI e outros atores internacionais condicionam a ajuda ao Líbano à formação de um governo que possa realizar reformas consideradas essenciais para o país.