Caças-bombardeiros dos Estados Unidos sobrevoaram esta quinta-feira Cabul para garantir a segurança no aeroporto da capital afegã, onde cidadãos norte-americanos e colaboradores afegãos estão a ser retirados.

O anúncio dos voos foi feito pelo porta-voz do Departamento de Defesa norte-americano, John Kirby, numa conferência de imprensa no Pentágono, em que referiu que os aviões não voam a baixa altitude e não representam uma demonstração de força.

O general Hank Taylor, subdiretor de Logística do Estado Maior dos Estados Unidos, disse à imprensa que os caças F-18 realizam os voos de vigilância para “reforçar a segurança”.

Taylor salientou que as forças dos EUA estão a manter um “olhar atento” na operação de evacuação: “Estamos continuamente a realizar avaliações exaustivas para proteger a segurança dos norte-americanos e utilizaremos todos os instrumentos do nosso arsenal para atingir este objetivo”.

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Embora esta quinta-feira tenha sido o único dia em que o Pentágono relatou o sobrevoo de Cabul pelos caças desde que os talibãs passaram a controlar a capital no domingo, Kirby referiu que esses voos de vigilância não são novidade e que já se realizam há algum tempo.

Questionado sobre se os caças têm autorização para disparar se as tropas norte-americanas e aliadas forem atacadas, o porta-voz respondeu: “Como sempre, temos direito de defender a nossa gente e as nossas operações”.

Por seu lado, Taylor observou que desde a sua última conferência de imprensa não houve “incidentes de segurança, nem interferência” por parte dos talibãs nas evacuações.

Ainda assim, continuam a “reconhecer o perigo inerente de operar” naquele ambiente, argumentou.

Kirby ressalvou que os EUA deixaram muito claro aos insurgentes que qualquer ataque contra o seu pessoal ou operações no aeroporto “será respondido com força”, apesar de insistir que não foram registadas “interações hostis” entre os talibãs e os norte-americanos nesse sentido.

Contudo, admitiu que há relatos de que os talibãs estão a “assediar fisicamente” alguns afegãos que tentam chegar ao aeroporto.

Na mesma conferência de imprensa, Taylor disse que cerca de 7.000 pessoas foram retiradas do Afeganistão pelos militares norte-americanos desde 14 de agosto, acrescentando que estão prontos para acelerar o ritmo das evacuações enquanto milhares de afegãos tentam deixar o país.

No total, quase 12.000 pessoas foram retiradas desde o final de julho, acrescentou, entre eles, cidadãos americanos, membros da embaixada norte-americana e afegãos que trabalharam para os EUA, como intérpretes do exército, solicitando um visto especial de imigração por medo de represálias dos talibãs.

Os talibãs conquistaram Cabul no domingo, culminando uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.

As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no seu território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001.

A tomada da capital põe fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e dos seus aliados na NATO, incluindo Portugal.

Face à brutalidade e interpretação radical do Islão que marcou o anterior regime, os talibãs têm assegurado aos afegãos que a “vida, propriedade e honra” vão ser respeitadas e que as mulheres poderão estudar e trabalhar.